Após o 7 de setembro, Tarcísio de Freitas entregou-se politicamente a Bolsonaro e consolidou sua candidatura presidencial. O Centrão e a Faria Lima aceitaram o gesto como teatro necessário para unificar forças. A disputa agora gira em torno da escolha do vice, com nomes como Ciro Nogueira, Rogério Marinho e Eduardo Bolsonaro no páreo. Mas, em meio ao burburinho, paira a possibilidade de uma condenação que pode levar Bolsonaro à prisão em poucas semanas.
Nos atos de 7 de setembro, o bolsonarismo abandonou o discurso patriótico ao exaltar a bandeira americana, um gesto contraditório em uma data que simboliza a independência do Brasil. Esse erro compromete uma narrativa cultivada por anos. Além disso, Tarcísio de Freitas, em busca da bênção de Bolsonaro, radicalizou seu discurso e se mostrou oportunista. Na guerra das narrativas, a coerência foi a maior derrotada.
Vivemos a persistência das oligarquias na política potiguar, mesmo em tempos de redes sociais e discursos de renovação. Antes, criticava-se a sucessão baseada apenas em laços de sangue e sobrenome. Hoje, práticas semelhantes se reproduzem nos palanques, com candidaturas de esposas, irmãos e primos. Figuras como João Maia, Paulinho Freire e Allyson Bezerra seguem o mesmo modelo que tanto criticaram. No fim, a oligarquia apenas muda de rosto, mas mantém intacta a lógica de concentrar o poder em família.
A senadora Zenaide Maia (PSD) parece ter se anulado politicamente ao se aliar ao prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra. Sua comunicação e agenda passaram a ser conduzidas pela equipe dele, transformando uma parceria em dependência. Embora tivesse alternativas, Zenaide hoje se tornou apêndice do projeto político de Allyson. O palanque do União Brasil deverá ser desconfortável, já que reunirá críticos do governo que ela ajudou a sustentar e de Lula, de quem é vice-líder no Senado. O erro não foi a aliança em si, mas a forma de entrega total ao aliado.
O senador Rogério Marinho reforçou sua pré-candidatura ao Governo do RN durante entrevistas em Natal e Mossoró. Ele descartou totalmente qualquer possibilidade de aliança com o União Brasil, diante da aproximação entre Allyson Bezerra e Zenaide Maia. Anunciou ainda que o PL lançará, no fim do ano, um plano de governo elaborado a partir dos seminários do Rota 22. O documento trará medidas consideradas “duras”, mas que, segundo ele, serão o caminho para a retomada do desenvolvimento potiguar. Rogério garante que, após a apresentação do plano, iniciará sua pré-campanha, mesmo com seu nome citado como possível vice de Tarcísio de Freitas em 2026.
O prefeito de Natal, Paulinho Freire, deixou de ser visto apenas como articulador da oposição em 2026 para se firmar como nome promissor no cenário pós-eleitoral. Após fracassar a tentativa de unir Rogério Marinho e Allyson Bezerra, Paulinho passou a apoiar os dois lados: estará no palanque de Rogério e Styvenson, enquanto sua esposa, Nina Souza, será candidata na chapa de Allyson. Seu objetivo principal, no entanto, é 2030. O plano é consolidar sua gestão em Natal, buscar reeleição em 2028 e, em seguida, disputar o Governo do Estado. O desafio será enfrentar, possivelmente, um dos atuais aliados.

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