MDB-Republicanos: a federação que empurra Álvaro para o canto do tabuleiro

POR JESSÉ REBOUÇAS


A federação MDB-Republicanos acena no horizonte político.
Os presidentes nacionais das duas siglas — Baleia Rossi (SP) e Marcos Pereira (SP) — avançam nas tratativas para formar a terceira maior coalizão partidária do Brasil, atrás apenas da Federação União Progressista e do PL, pelo menos em número de deputados — que, ao fim e ao cabo, é a variável que realmente importa quando o assunto é fundo partidário e eleitoral.
Essa possibilidade (real e factível) pode embaralhar profundamente o tabuleiro político do Rio Grande do Norte, afetando diretamente as pretensões do ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias.
O raciocínio é direto: se a federação for registrada junto ao TSE, o comando do bloco no RN dificilmente escapará das mãos do vice-governador Walter Alves. Ou seja, na prática, o Republicanos de Álvaro passaria ao controle de Walter.
Álvaro, que goza de respeitabilidade entre segmentos estratégicos da política potiguar, pode ver seu domínio sobre os Republicanos naufragar a olhos vistos, caso Walter assuma o controle da federação no Estado.
Com um partido de peso à disposição, Álvaro ainda é um player de primeira linha. Sem ele, e sem tempo de TV ou recursos, sua força de barganha se esvai — e ele passa de comandante a comandado.
E se, em vez de uma negociação, o que Álvaro encontrar for um convite para se retirar, afixado simbolicamente na porta do diretório estadual?
A alternativa mais provável seria a filiação ao PL de Rogério Marinho — e, com ela, a inevitável submissão aos interesses do senador. Nesse cenário, qualquer projeto político que Álvaro tente emplacar estaria subordinado ao roteiro escrito por Rogério.
O rebaixamento político seria evidente. Ainda assim, a preço de hoje, qual seria a alternativa realista para Álvaro?
Da posição de barganhador de primeira linha, o ex-prefeito passaria à retaguarda, perdendo o trunfo de comandar uma sigla com peso eleitoral.
A ele, restaria se alinhar ao PL e se enquadrar em um novo papel: talvez como candidato a deputado federal, ou mesmo ao Senado, compondo palanque com o senador Styvenson — quem sabe como um “plano B” do bolsonarismo no RN.
É o tipo de jogada que redefine não só o tabuleiro, mas o valor de cada peça.

Compartilhe agora:

MAIS POSTS