O Styvenson de ontem e o Styvenson de hoje estão em conflito: falta coerência.

Uma constatação: o senador Styvenson Valentim conseguiu encontrar um caminho para se reconectar com o eleitor. A liderança em todas as pesquisas para o Senado mostra que ele tem feito bom uso eleitoral de suas emendas parlamentares — e isso tem lhe rendido resultados concretos.

Styvenson foi eleito em 2018 surfando na onda da antipolítica. Se apresentava como o “diferentão”: recusou o fundo eleitoral, abriu mão da propaganda no rádio e na TV, e evitou a campanha tradicional.

Entendi, que na nova realidade, ele precisaria encontrar uma nova prancha para surfar, pois a anterior já não colava mais. E ele parece ter encontrado. Ainda se aproveitando do discurso contra os políticos, mas agora aliado à imagem de gestor eficiente, que usa o dinheiro público com seriedade e presta contas dos recursos, o senador está, novamente, em alta.

É verdade que ainda estamos em um período não eleitoral, e esse “novo estilo Styvenson” funciona bem nesse momento para obter alcance nas redes sociais e fortalecer sua imagem. A dúvida é: até que ponto a ausência de um palanque forte poderá lhe fazer falta? Ainda mais se Rogério Marinho, por algum motivo, não for candidato ao Governo.

Digo tudo isso para chegar a um segundo ponto da análise.

O Styvenson de ontem e o Styvenson de hoje estão em conflito: falta coerência.

Na semana passada, por exemplo, Styvenson postou em suas redes sociais duras críticas à ampliação de 18 cadeiras na Câmara dos Deputados: “mais gasto, mais benesses, blá blá blá…”. Porém, na quarta-feira, lá estava ele, votando a favor da medida. Rapidamente, apagou o vídeo anterior.

O Styvenson atual é ágil para gravar vídeos atacando a classe política — chamando os políticos de praga, dizendo que são maléficos — mas não renuncia a nenhum dos benefícios que o cargo lhe oferece. Usa verba de gabinete, recebe auxílios diversos, tem dezenas de assessores e até verba para pagar imprensa.

Em breve, a lacração nas redes sociais e a realidade vão se encontrar cara a cara.

Diferente de 2018, quando só existia o Styvenson bravateiro e moralista, o de agora mais cedo ou mais tarde será confrontado com seus próprios atos. O Styvenson que se indignou com os gastos da Câmara terá que se explicar ao Styvenson que votou para aumentá-los.

Compartilhe agora:

MAIS POSTS