A condição que Rogério apresentou para negociar a união com Allyson não tem chances de ser aceita

Na sexta-feira, o senador Rogério Marinho esteve no programa 12 em Ponto, da Rádio 98 FM, de Natal. Ele respondeu a uma pergunta sobre uma possível união com Allyson Bezerra em 2026. Veja a resposta do senador, na íntegra:

“Quando se fala em escolha de candidato ao governo, se fala de Allyson, de Álvaro, do meu nome… Aliás, Allyson deu uma entrevista recentemente se colocando como candidato, finalmente. É evidente que nós vamos tentar essa composição, vamos tentar essa confluência, mas pode ser que ela não seja possível. Por exemplo: Allyson hoje tem uma parceria com a senadora Zenaide Maia, e eu não acredito que possamos ter uma postura no Rio Grande do Norte e outra em Brasília. Primeiro, só pode ser candidato um dos dois, porque Allyson não tem idade para ser candidato ao Senado — ele só pode ser candidato a governador. E eu presumo que, se ele renunciar à Prefeitura de Mossoró, o fará para ser candidato ao governo. Nem eu, tampouco, posso ser candidato ao Senado porque já sou senador. Então, eu teria que ser candidato ao governo. Para apoiá-lo, ou ser por ele apoiado, nós precisamos convergir. O que estou colocando é que temos uma condição: eu sou secretário-geral de um partido — o maior partido do Brasil —, e com essa responsabilidade, com a necessidade de termos nitidez programática e ideológica, não é possível termos aqui um posicionamento diferente do que temos em Brasília.”

Vou explicar o que Rogério está dizendo.

Ele está justificando que, da parte dele, há disposição para dialogar com Allyson Bezerra. Porém, o fato de o prefeito ser aliado de Zenaide é, para ele, um impeditivo para que esse diálogo comece. Rogério não vê possibilidade de o PL apoiar um palanque que tenha Zenaide Maia, sob o argumento de que é preciso manter coerência com o posicionamento nacional do partido.

E ele é bastante claro: “o que estou querendo dizer é que há uma condição”. Ou seja, essa condição é prévia, para que o diálogo sequer seja iniciado. Para isso, Allyson teria que se afastar de Zenaide. Ficou evidente que a presença de Zenaide ao lado de Allyson impede que a conversa comece.

O que temos aqui é um método que Rogério Marinho já utilizou em 2024. Depois de receber o apoio de Allyson em 2022 — com direito a quase 50 mil votos em Mossoró —, Rogério sabia que precisaria romper com o prefeito na eleição seguinte, já que Allyson se tornava um potencial adversário.

Para isso, Rogério quis indicar o vice de Allyson em 2024, e fez isso ainda em janeiro, num momento em que o prefeito estava concentrado na gestão e não desejava discutir composição de chapa. O objetivo era claro: colocar um vice de sua confiança para impedir que Allyson renunciasse ao mandato e pudesse disputar o governo.

Habilmente, Rogério construiu a versão de que permaneceu aliado do prefeito e que apenas tentou indicar o vice — tendo sido, portanto, “expulso” do processo e se desobrigando do vínculo sem parecer ingrato.

Esse método de criar uma espécie de “justa causa” para o rompimento está se repetindo agora.

Rogério não quer carregar o ônus de ter dificultado a união das oposições no RN. Assim como em 2024, impõe uma condição que sabe ser inaceitável, com o intuito de transferir a responsabilidade da ruptura ao outro.

Ele quer, simbolicamente, que Allyson entregue a cabeça de Zenaide Maia numa bandeja como gesto de boa vontade para iniciar uma negociação. Note-se: a condição imposta não é o rompimento com Zenaide para fechar a aliança — é o rompimento para começar a conversa. Sem qualquer garantia de que ela vá prosperar.

É evidente que Allyson não vai rifar Zenaide. Isso significaria jogar no lixo uma aliada de peso, perder o apoio de um partido importante e ainda carregar a pecha de ingrato, traidor de aliados. A condição de Rogério é inaceitável. E ele sabe disso.

O método se repete.

Rogério sustentará o discurso da coerência ideológica do PL. Allyson, por sua vez, deve ignorar a exigência. E tudo continuará como está: cada um no seu quadrado.

Por isso mesmo, continuo dizendo — e repetirei quantas vezes for necessário —: não acredito na união dos partidos de oposição no primeiro turno. João Maia também entende que isso só deve acontecer no segundo turno. O próprio Rogério, na sua fala, admite: “pode ser que essa união não seja possível”.

Todos concordamos.

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