O deputado estadual Dr. Bernardo (PSDB) defendeu que a governadora Fátima Bezerra antecipe sua renúncia para o final deste ano, num gesto em favor do vice-governador Walter Alves (MDB). Fátima já declarou que deixará o governo em 31 de março de 2026.
A dúvida que paira sobre a sugestão de Dr. Bernardo é se ele fala em nome próprio ou cumpre uma missão delegada. O parlamentar é bastante ligado tanto ao vice-governador quanto ao presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira.
Segundo Bernardo, antecipar a renúncia em três meses daria a Walter Alves mais tempo para se articular politicamente em torno do apoio ao palanque governista, coordenando não apenas o MDB, mas também atuando pela eleição de todos os candidatos aliados, como Cadu Xavier e a própria Fátima, candidatos ao governo e ao Senado, respectivamente.
Caso essa iniciativa seja um ato isolado de Dr. Bernardo, expressando apenas sua vontade pessoal de ver Walter no cargo de governador por pelo menos um ano, o tema tende a não ganhar maiores desdobramentos. Mas, se ele estiver dando voz a um plano articulado por seus líderes, o cenário muda de figura.
Nesse caso, estaríamos diante de um movimento coordenado por Walter e Ezequiel com o objetivo de assumirem o controle político e administrativo do Estado. E se há essa ansiedade para que isso aconteça o quanto antes, pode ser sinal de que nem tudo anda bem nos bastidores.
O argumento de Dr. Bernardo de que Walter teria mais tempo para ajudar o palanque governista ao assumir o cargo três meses antes carece de lógica. Fátima, permanecendo no governo até o prazo previsto, pode cumprir esse papel com mais eficácia, sem ficar em um limbo político de mais de seis meses entre a renúncia e o início da campanha.
É importante acompanhar esse assunto de perto para esclarecer se Dr. Bernardo fala por si ou como porta-voz de um movimento maior. No segundo caso, o gesto ganha outro peso e revela mais do que aparenta.
