Carta de Trump a Bolsonaro é nova ameaça e mau negócio político

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. No texto, ele ordena que o Brasil interrompa imediatamente o julgamento de Bolsonaro e faz uma espécie de ameaça, afirmando que está acompanhando de perto todo o episódio.

Não sei se Bolsonaro deveria comemorar ou lamentar essa carta. A mais recente pesquisa Quaest já demonstrou que Trump tem efeito reverso: a maioria dos brasileiros rejeita qualquer tentativa do presidente americano de interferir nos assuntos internos do país. Goste-se ou não, o brasileiro não aceita afrontas à soberania nacional.

Chama atenção o discurso de Trump em defesa das “nossas liberdades”. Justamente ele, que acaba de demitir, sem justificativa, uma procuradora de carreira que investigava o caso Epstein — caso em que, segundo Elon Musk, o nome de Trump consta numa lista de convidados para festas com drogas e menores de idade.

A tal liberdade defendida por Trump é, no mínimo, seletiva. Ele acumula ações judiciais contra jornalistas e veículos de imprensa americanos que ousam criticá-lo ou denunciá-lo.

Não me aprofundarei neste ponto, pois exigiria um texto bem mais longo, mas vale destacar que, no Brasil, a discussão sobre liberdade de expressão e de imprensa tem se tornado distorcida. Em nome de uma suposta liberdade, muitos acreditam ter o direito de dizer qualquer coisa, contra quem quiserem, do jeito que bem entenderem — e sem que haja qualquer limite ou responsabilização.

Voltando a Trump: a carta enviada a Bolsonaro, somada às manifestações quase diárias em tom de ameaça ao Brasil, não ajuda em nada a família Bolsonaro. Primeiro, porque não será por esse caminho que o julgamento do ex-presidente será amenizado. Segundo, porque não duvido que Bolsonaro seja apenas um pretexto. A questão de fundo parece ser econômica. E Bolsonaro, apenas o despiste.

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