Entrega de obras em Mossoró com recursos federais vira jogo de esconde-esconde

A senadora Zenaide Maia tem comparecido semanalmente a Mossoró para realizar a entrega de Unidades Básicas de Saúde (UBS) construídas na cidade com recursos federais, viabilizados por meio de emendas parlamentares de sua autoria. Até agora, já foram inauguradas cinco UBS, enquanto outras cinco estão em construção.

Sem qualquer pudor, Zenaide e o prefeito Allyson Bezerra têm utilizado esses atos de entrega como eventos políticos, buscando repercussão positiva com evidente viés eleitoral.

O que mais chama atenção é que, em nenhuma das cinco unidades entregues, a senadora menciona que os recursos são do Governo Federal. Não se trata de citar o presidente Lula — afinal, os recursos públicos são impessoais — mas, no mínimo, reconhecer a origem federal dos investimentos que possibilitaram a realização das obras. Nenhuma palavra nesse sentido.

O mesmo ocorre com o prefeito Allyson Bezerra, que, em seus discursos, não faz referência ao caráter federal dos recursos. Seus agradecimentos e elogios são direcionados exclusivamente à senadora.

Considerando que se trata de dinheiro público, e que a impessoalidade é um princípio fundamental, tanto Zenaide quanto Allyson deveriam demonstrar maior prudência e respeito em suas falas de caráter eleitoral.

No caso do prefeito, chama atenção, por exemplo, a mudança de postura em relação ao Complexo Viário 15 de Março. Antes, a obra era apontada como o maior legado do então ministro Rogério Marinho para Mossoró. Hoje, em suas visitas à construção, o prefeito sequer menciona ou lembra do ex-ministro. A conveniência mudou.

É verdade que esse é o jogo político, e que muitos atuam dessa forma. No entanto, não custa lembrar que um dos princípios mais reveladores sobre o caráter dos políticos é o princípio ético. Esse é o jogo, mas cada um escolhe de qual saco quer ser farinha.

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