O cerco de Allyson: base do prefeito vai rachar devido projeto de Cinthia Pinheiro

Tirem as crianças da sala, porque agora os adultos estão em cena. Pelo menos na política mossoroense, o jogo ficou mais bruto. O projeto do prefeito Allyson Bezerra de lançar sua esposa, Cinthia Pinheiro, como candidata a deputada estadual está abalando a base de sustentação política do governo municipal.

Quem está prestes a entrar em confronto direto com o prefeito é o vereador Wiginis do Gás. Caso Allyson mantenha a pressão por conta da decisão do parlamentar de apoiar o deputado estadual Ivanilson Oliveira, Wiginis já deixou claro: fica com Ivanilson.

O embate é apenas uma questão de tempo. E ficou ainda mais próximo após Wiginis declarar, no último sábado, que vai apoiar Nina Souza para deputada federal. O anúncio foi recebido no Palácio da Resistência com irritação, interpretado como um verdadeiro grito de independência.

Vamos entender melhor.

Em 2024, Wiginis recebeu apoio decisivo de Ivanilson Oliveira — atualmente filiado ao União Brasil, mas com destino certo ao MDB — para se eleger vereador. Em sinal de gratidão, garantiu ao deputado que o apoiaria na reeleição em 2026. Fiel à palavra dada, Wiginis tem afirmado que nada o fará recuar dessa promessa.

A pressão da Prefeitura de Mossoró sobre Wiginis, que se recusou a apoiar Cinthia, já é perceptível, com o fechamento de portas em diversas secretarias. O vereador não tem mais o mesmo acesso de antes, e a tendência é que o aperto aumente. Suas indicações de cargos na estrutura administrativa também estão em estado de alerta.

O principal argumento de Wiginis é que seu apoio a Ivanilson foi definido antes mesmo de o prefeito decidir lançar Cinthia Pinheiro na disputa. Por isso, ele considera injusto que Allyson queira agora obrigá-lo a mudar de posição.

Por outro lado, o prefeito Allyson Bezerra tem dito a aliados que, se deixar Wiginis sem punição, abrirá um precedente perigoso. Na visão do prefeito, é preciso agir com mão firme para evitar que outros vereadores da base sigam o mesmo caminho.

A situação de Wiginis é semelhante à do vereador Vavá Martins, também integrante da base governista e que já fechou apoio a Ivanilson Oliveira. Ainda não se sabe se Vavá manterá a decisão, como fez Wiginis, ou se recuará diante da pressão do Palácio.

Por consequência, se Allyson decidir agir contra Wiginis, terá de adotar o mesmo tratamento em relação a Vavá. E, em efeito cascata, surgem ainda os casos dos vereadores Ricardo de Dodoca e Alex do Frango, que não pretendem apoiar Cinthia e estão alinhados ao deputado Neílton Diógenes. Mesmo que Neílton apoie Allyson em 2026, há uma rusga recente entre ambos devido à investida do prefeito na base de Neílton em Apodi.

Há também a situação do vereador Petras Vinícius, que se encontra em posição semelhante à de Wiginis e Vavá. Petras vai apoiar para deputado estadual Kleber Rodrigues, integrante da base da governadora Fátima Bezerra — portanto, adversário político de Allyson.

Diante desses cenários, há uma certeza. Mesmo que, por ora, exista uma tentativa de tolerância com os vereadores que não apoiarão a esposa do prefeito, é dado como certo que, à medida que o processo eleitoral se intensifique, as portas se fecharão. O acesso à estrutura será reduzido, e os dissidentes passarão a ser tratados como oposição. A relação tende a se deteriorar, e o rompimento parece iminente.

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