No final de semana, todos ficamos sabendo que a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão no nosso Estado por causa do uso irregular de emendas parlamentares. O RN voltou ao noticiário por conta de obras superfaturadas de pavimentação asfáltica feitas pelo DNOCS com recursos dessas emendas.
Por mais que todos tenham ficado curiosos para saber quem eram os parlamentares responsáveis pelos envios, o sigilo foi absoluto. O crime veio à tona, mas os nomes foram protegidos. O que se sabe, até agora, é que até 2020 o DNOCS não gastava um centavo com asfalto. Depois que começou a patifaria das emendas, o órgão passou a não fazer outra coisa: 60% de todos os recursos do DNOCS hoje são destinados a asfalto, retroescavadeiras e máquinas diversas.
Qualquer criança sabe o que está acontecendo de verdade. Não é por acaso que, desde 2021, o Senado e a Câmara resistem de todas as formas para não informar ao STF o destino dessas emendas. E ainda há quem critique o ministro Flávio Dino por abrir centenas de investigações sobre o uso desses recursos.
Todos lembram das antigas “emendas do relator”, que dispensavam a identificação do autor: o dinheiro era liberado diretamente na conta dos beneficiados, sem necessidade de prestar contas. Quando escrevo sobre isso, lembro imediatamente das centenas de retroescavadeiras, caminhões-pipa e tratores estacionados no pátio da UFERSA para serem entregues. As máquinas foram compradas primeiro e só depois se perguntou para que seriam utilizadas. Foi uma festa de prefeitos indo buscar seus equipamentos.
Mas o ponto em que quero realmente focar é o sigilo sobre os nomes dos envolvidos. Afinal, quem está sendo investigado aqui no RN? Porque, se fosse “arraia miúda”, já teríamos visto foto estampada em blogs e portais.
O fato é que o parlamento brasileiro sequestrou o orçamento público. E, para mim, o grande responsável por isso se chama Jair Messias Bolsonaro, que entregou sem pestanejar as chaves do cofre ao Centrão e saiu para andar de jetski por aí.
E depois veio Lula, que fez campanha dizendo que ia regatar o orçamento e o que fez foi um acordo para pagar a conta com juros e dividendos.
Em nenhum país do mundo existe algo semelhante: cada deputado, durante um mandato de quatro anos, ter à disposição — praticamente sem controle — cerca de 200 milhões de reais para enviar para onde quiser. E mais de 300 milhões para cada senador. E ainda querem mais.





