Os equívocos da análise de BG sobre Allyson: três pontos para corrigir o debate

Tenho algumas discordâncias em relação à análise feita ontem pelo radialista Bruno Giovanni, o BG, no programa Meio Dia RN, da Rádio FM 96, e que desde então vem sendo amplamente reproduzida nas redes sociais. A avaliação de BG me parece excessivamente pessimista sobre o futuro político de Allyson.

Não se trata aqui de defender Allyson — essa não é minha missão. O objetivo é apenas apresentar contrapontos, para que o debate seja mais plural.

Abaixo, coloco em negrito a fala de BG, seguida dos meus comentários:

“Tendo três candidaturas, que é o que está se desenhando — Rogério, Allyson e Cadu — anotem o que vou dizer: só quem tem a perder nisso é o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra. Allyson tá grande nas pesquisas, ele flutua entre 25 e 34%, dependendo do instituto, então tem instituto aí que ele já não vai crescer. Allyson não tem uma posição a nível nacional, ele tem uma posição muito pequena em Mossoró que não faz nem cócegas e é o único que além de não ter estrutura política, vai depender muito da estrutura da senadora Zenaide e do marido dela, Jaime Calado. Ele não tem ideologia política clara. Aí você pega Cadu Xavier do PT com a estrutura do Governo Federal, com a estrutura do Governo Estadual e com a militância da esquerda; e você pega Rogério Marinho, senador, com a estrutura partidária maior do Brasil, com a estrutura ideológica e com uma estrutura política imensa. Olhe só: Allyson no meio. Se tem alguém que vai desidratar aqui, é ele. A questão é: ele desidrata até o final do primeiro turno a ponto de ficar fora? Aí é só no processo eleitoral. Mas só quem tem a perder aqui é ele. Os outros dois só têm a crescer.”

Quero abordar três pontos centrais dessa análise:

  1. a afirmação de que, daqui para frente, terá instituto onde Allyson não crescerá;
  2. a ideia de que Mossoró representa algo muito pequeno na campanha;
  3. o argumento da suposta falta de ideologia de Allyson.

No primeiro ponto, quando BG diz que haverá institutos em que Allyson não crescerá mais, fico em dúvida sobre a base dessa previsão. Seria porque existe, há anos, a prática muito conhecida de contratação de diversos institutos para “produzir” determinados números? Pode ser que BG esteja falando apenas da condição de terceira via que pode prejudicar Allyson em cenários específicos. Mas ficou no ar uma “certeza” que carece de sustentação: por que exatamente esses institutos deixariam de apresentar crescimento?

Sobre o segundo ponto — a afirmação de que a força política de Mossoró “não faz nem cócegas” — ouso discordar. Em 2024, Allyson obteve uma maioria de 97 mil votos sobre seus adversários na eleição municipal. Não é improvável que ele alcance uma vantagem semelhante em 2026. Considerar que quase 100 mil votos “não fazem nem cócegas” é ignorar completamente a realidade eleitoral do RN. Foi Mossoró que garantiu a vitória de Rosalba sobre Fernando Bezerra em 2006 e sobre Iberê em 2010.

Por fim, o argumento da falta de ideologia. O leitor do blog sabe que reconheço o peso da polarização nas eleições brasileiras — sobretudo na disputa presidencial — e sua influência nas eleições estaduais. No entanto, discordo dessa narrativa de que Allyson não tem ideologia. Tenho a impressão de que parte da mídia desejaria que ele se colocasse na briga direta entre petistas e bolsonaristas. Não acredito que ele fará isso.
O que está claro é que Allyson desenha seu palanque no campo da centro-direita — o mesmo campo de Tarcísio de Freitas, por exemplo. Essa é uma estratégia eleitoral que muitos candidatos adotarão nos Estados. Confundir isso com falta de ideologia é, no mínimo, um equívoco.

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