É cada vez mais visível a postura de desagrado do vice-governador Walter Alves em relação ao PT potiguar. A governadora Fátima Bezerra e todo o comando governista passaram a semana aguardando que Waltinho desse uma palavra capaz de acalmar o burburinho em torno das dificuldades financeiras do Estado e da possibilidade de ele não assumir o governo.
Waltinho fez reuniões, cumpriu agenda em vários municípios, conversou pelo WhatsApp com diversos amigos da mídia, mas não disse uma única palavra sobre os temas polêmicos. Resumindo: deixou a conversa correr solta e, com seu silêncio, alimentou ainda mais as especulações.
Do outro lado, Fátima e a cúpula do governo entenderam o recado. Entre os governistas, a leitura é de que Waltinho está esticando a corda propositalmente.
O fato é que cada parte está olhando atravessado para a outra. Os sorrisos desapareceram. Reina uma desconfiança mútua.
A discussão agora é sobre quem perde mais em um eventual rompimento. O MDB havia exposto seus planos: Waltinho assumiria o governo, se dedicaria à formação das nominatas e, ao final, o partido buscaria eleger dois deputados federais e oito estaduais.
Contudo, mesmo acreditando que assumir o governo facilitaria o cumprimento dessas metas, o vice-governador estava longe de formar a nominata ideal. Na chapa federal, sobra imaginação e falta realidade: Waltinho tem, de concreto, apenas um ou dois nomes.
Na nominata estadual, cuja articulação está nas mãos de Ezequiel Ferreira, também há dificuldades. O exemplo mais evidente é o do deputado Ubaldo Fernandes, que anunciou sua filiação ao MDB em setembro, mas recuou ao afirmar que o partido não conseguirá cumprir o que prometeu.
Uma possível desistência de Waltinho em assumir o governo em abril pode estar diretamente relacionada às dificuldades para viabilizar os planos originalmente traçados.





