Durante participação no programa Os Pingos nos Is, o ex-presidente Jair Bolsonaro deu a seguinte entrevista:
Repórter: O senhor já tem um nome em vista para ser seu vice?
Bolsonaro: Estou “namorando” um cara do Nordeste, há muito tempo — heteramente falando.
Repórter: Alguém do PL, da direita?
Bolsonaro: Estou só namorando. Nem fiquei noivo ainda, e você já quer escolher o nome do filho.
Vou analisar essa fala de Bolsonaro à luz do texto que escrevi anteriormente, no qual afirmei que Rogério Marinho seria o nome ungido pelo bolsonarismo para disputar a presidência.
Por falar nisso, recebi uma avalanche de comentários no meu WhatsApp sobre esse assunto, publicado no meu blog. Fico muito feliz com a repercussão.
Primeiramente, quero esclarecer um ponto da minha postagem anterior sobre Rogério disputar a presidência da República. Afirmei que esse seria o plano de Rogério — não que se tratava de um fato consumado, mas sim de um projeto em andamento. Dito isso, vamos entender a nova fala de Bolsonaro e onde Rogério se encaixa.
O nome do Nordeste a que Bolsonaro se refere como possível vice será, na prática, muito mais que um companheiro de chapa. Caso a inelegibilidade de Bolsonaro não seja revertida, esse vice terá grandes chances de ser o sucessor indicado.
Considerando nomes do Nordeste ligados a Bolsonaro, hoje, dois se destacam: Rogério Marinho e Ciro Nogueira. Ciro está em fim de mandato no Senado e precisará disputar a reeleição para renová-lo. Resta Rogério.
Rogério é, atualmente, o político mais próximo e fiel a Bolsonaro. Ele concorda que Bolsonaro deve manter sua pré-candidatura à presidência enquanto for possível; concorda que a prioridade é recuperar a elegibilidade de Bolsonaro; concorda que ninguém deve tirar Bolsonaro do palanque; concorda que nenhuma estrela pode brilhar mais que Bolsonaro na direita brasileira; e concorda que, se não puder ser Bolsonaro, que seja ele quem indique seu sucessor.
Em 2018, Lula sustentou até onde pôde uma chapa com ele na cabeça e Haddad como vice. Todos conhecem essa história. Esse é exatamente o roteiro que Bolsonaro quer seguir — e Rogério é o único que aceita, integralmente, fazer parte dele, sem reclamar.
Tarcísio não aceita. Ele não permanecerá num barco à deriva até maio ou junho do ano que vem, sem saber se disputará a presidência ou a reeleição em São Paulo. A Faria Lima, que o ungiu, não aceitará essa indefinição.
Esse é o cálculo que Rogério faz para herdar a candidatura à presidência. Ele é o “namorado”, heteramente falando, que está de mãos dadas com o ex-presidente — sonhando com um casamento.