Tenho acompanhado os bastidores da Câmara Municipal de Mossoró e percebo o clima que começa a se instalar na bancada governista.
Para o grande público, o que se destaca é a chegada de dois novos vereadores à base: Mazinho da Saci (PL) e Dr. Cubano (PSDB). Com eles, a bancada soma agora 17 parlamentares. Porém, nos bastidores, o ambiente está longe de ser tranquilo.
O problema gira em torno da candidatura de Cínthia Pinheiro, esposa do prefeito Allyson Bezerra, que disputará uma vaga na Assembleia Legislativa. Dos 17 vereadores da bancada, apenas onze estão alinhados com a primeira-dama.
A princípio, Allyson havia prometido respeitar os apoios já firmados pelos vereadores com outros candidatos a deputado. Mas o cenário mudou quando o deputado Ivanilson Oliveira (União Brasil) anunciou filiação ao MDB e ingresso na base da governadora Fátima Bezerra. Ivanilson conta com o apoio de dois vereadores ligados ao prefeito: Wiginis do Gás e Vavá Martins.
Esses vereadores podem vir a sofrer boicote dentro das secretarias municipais, e as portas começariam a se fechar para eles. O temor se espalhou também para outros vereadores, como Ozaniel Mesquita, que apoia Robson Carvalho; Petras Vinícius, ligado a Kleber Rodrigues; e Ricardo de Dodoca e Alex do Frango, que apoiam o deputado Neílton.
Allyson sabe que não pode romper de imediato com seis vereadores, mas também entende que qualquer concessão agora poderá abrir um precedente perigoso para manter a bancada alinhada em torno da candidatura de Cínthia. A questão é: até onde ceder?
Por exemplo: Allyson permitirá que Wiginis e Vavá utilizem a estrutura da Prefeitura para buscar votos para Ivanilson, adversário direto de Cínthia e crítico de sua gestão? E se cortar o apoio a eles, não teria de fazer o mesmo com Petras Vinícius, que pedirá votos em Mossoró para um aliado da governadora Fátima Bezerra?
A situação se complica ainda mais porque Petras Vinícius desponta como um dos nomes mais fortes para a sucessão municipal de 2028. Foi o vereador mais votado em 2024, tem popularidade expressiva e conduz pautas sociais que lhe garantem grande simpatia popular.
Se Allyson optar por romper com Wiginis, precisará aplicar a mesma lógica a Petras. Os dois apoiam candidatos ligados ao governismo estadual que é oposição ao projeto de Allyson. Não é possível punir um e poupar o outro. Mas será que o prefeito está disposto a pagar o preço de entregar Petras, de “mãos beijadas”, à oposição?