Chantagens, disputas e os rumos do poder. Uma análise ponto a ponto dos bastidores e de tudo que está acontecendo em Brasília

O cenário nacional está cheio de informações.
Vou distribuir em pequenas notas um pouco dessas informações com meus comentários, para facilitar a leitura e o entendimento:


FIM DO FORO PRIVILEGIADO
Os deputados federais e senadores querem acabar com o foro privilegiado. O privilégio foi criado para que os parlamentares, a título de proteção ao exercício do mandato, não ficassem à mercê dos juízes de província. Era mais fácil frear tudo na instância superior. Só que agora, com o trâmite das ações no STF e com a porteira fechada para o engavetamento em massa dos processos ou os pedidos a perder de vista, os deputados querem acabar com o foro. Tudo isso tem a ver com as emendas parlamentares que o STF tá com uma lupa em cima. Passam cada vez mais a imagem de que só querem privilégios e impunidade.


A FARIA LIMA OLHA PARA RATINHO JÚNIOR
Depois de morrer de amores por Tarcísio de Freitas e o ungir como preferido para ser o próximo presidente, a turma do dinheiro — simbolizada pela Avenida Faria Lima, em São Paulo — se decepcionou com Tarcísio na escala da crise com os EUA. Os olhares agora estão em outra direção. O capital vê com bons olhos as ideias e a postura de Ratinho Júnior, governador do Paraná. A grande mídia nacional também começa a olhar para ele.


VALDEMAR TRABALHA POR MICHELLE
No que depender de Valdemar da Costa Neto, o todo-poderoso do PL, o partido terá a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, como candidata à presidência do Brasil em 2026. A missão de Valdemar agora é convencer Bolsonaro. Há quem diga que, atualmente, o ex-presidente está bem mais simpático à ideia.


RECURSO DE BOLSONARO EM ANÁLISE
Vai ao plenário da Primeira Turma do STF o recurso apresentado pela defesa do ex-presidente Bolsonaro contra a prisão domiciliar decretada na última segunda-feira pelo ministro Alexandre de Moraes. Há divisão entre os ministros. Alguns acham que, para apaziguar os ânimos, a prisão deve ser revertida; outros defendem que a medida foi acertada. Entre grupos de advogados, a maioria aposta num placar de 4 a 1 pela manutenção da prisão.


HUGO MOTA TÁ PERDIDO
O boicote comandado pelos deputados bolsonaristas no plenário da Câmara, ocupando a mesa diretora e impedindo que as sessões aconteçam, revelou que o presidente Hugo Mota está com o filme queimado. Os governistas acham que ele está cedendo à chantagem do Centrão. Os bolsonaristas acham que ele está sendo covarde e não cumpre acordos. Arthur Lira está sendo chamado para intermediar um acordo.


MORAES ESCALOU A CRISE
Na mídia e no mundo jurídico, há a interpretação de que Alexandre de Moraes errou feio ao decretar a prisão domiciliar de Bolsonaro. A opinião é que ele escalou a crise sem necessidade. Bolsonaro está prestes a ser julgado e todos acreditam que ele será condenado. Até mesmo a ala bolsonarista no Congresso está digerindo bem esse roteiro. Moraes acabou jogando gasolina numa fogueira que estava sob controle.


OCUPAÇÃO DO PLENÁRIO É FACA DE DOIS GUMES
Os deputados e senadores que ocuparam as mesas diretoras do Senado e da Câmara para impedir a realização de sessões escolheram uma faca de dois gumes para lidar com a questão. Se o objetivo é chantagear ou pressionar para livrar Bolsonaro da prisão, por outro lado, impedir o Legislativo de funcionar e votar matérias que dizem respeito à vida das pessoas pode passar a imagem de que, para esse grupo, toda prioridade é Bolsonaro — o resto que se exploda.


O RISCO DE CEDER À CHANTAGEM
Há algumas verdades sobre esta crise instalada em Brasília por conta do barulho que o grupo bolsonarista faz diante da prisão domiciliar de Bolsonaro. Uma delas é a tentativa de fazer crer que a anistia a Bolsonaro é um desejo da maioria dos brasileiros — e não é. Todas as pesquisas mostram que a maioria acredita que houve tentativa de golpe de Estado e que Bolsonaro merece punição por isso. Outra verdade: houve uma eleição, e Bolsonaro perdeu. O barulho bolsonarista tenta convencer que não há legitimidade no governo atual e que o Brasil quer a volta de Bolsonaro. O risco de se ceder a uma chantagem explícita é que esse é um caminho sem volta. Depois de ceder a primeira, virá a segunda… a terceira…


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