É precipitado afirmar que o prefeito Allyson Bezerra esteja sofrendo desgaste em sua imagem em razão da notícia de que há contra ele um processo de investigação aberto pelo Ministério Público, originado por uma denúncia anônima. Prefeitos, em sua maioria, enfrentam esse tipo de investigação durante o mandato.
Não estou julgando o conteúdo da denúncia — ainda que o material divulgado até o momento não se mostre consistente como prova. Trata-se apenas de uma acusação, e anônima. Uma simples gravação com alguém afirmando que outra pessoa cometeu um crime está longe de ser suficiente para provocar um desgaste profundo na imagem de um gestor. E menos ainda para levá-lo a uma eventual condenação.
Mas não é exatamente sobre isso que desejo refletir.
A questão mais relevante é: como o eleitor está assimilando essa notícia? Ele está chocado, a ponto de rever sua opinião sobre o prefeito? Ou está apenas acompanhando a situação com curiosidade, sem deixar que isso interfira em sua percepção?
Qualquer resposta conclusiva seria mera especulação. Não há pesquisas recentes que meçam esse impacto — mesmo o levantamento mais recente do Instituto Consult foi realizado antes de os fatos virem à tona.
Se faltam dados empíricos, sobram experiências anteriores que nos ajudam a entender o comportamento do eleitor diante de situações semelhantes.
O eleitor cultiva sentimentos variados em relação aos políticos: paixão, admiração, simpatia, apatia, raiva, decepção, entre outros. Esses sentimentos se formam a partir de valores, atitudes, falas e ações que afetam sua vida diretamente ou despertam alguma identificação.
No caso de Mossoró, o eleitor vem acumulando experiências com Allyson Bezerra ao longo de quatro anos. Cada cidadão forma sua própria opinião, baseada em vivências pessoais — seja por acompanhar o noticiário, seja por ter sentido, na prática, os efeitos da gestão municipal. E é a partir dessas experiências que ele constrói a imagem do prefeito: positiva ou negativa.
Durante a campanha de 2024, os candidatos Genivan Vale (PL) e Lawrence Amorim (PSDB) montaram uma ofensiva intensa contra Allyson. Foram meses de denúncias, acusações de corrupção, discursos duros e exposição de supostos escândalos. Ainda assim, Allyson se reelegeu com a maior votação da história do município.
Na época, muitos questionavam o impacto que esses ataques trariam à sua imagem. O resultado foi nulo. Isso porque o eleitor já havia formado sua opinião com base em suas próprias vivências — e não viu, nas acusações, elementos suficientes para mudar de ideia.
Não quero dizer que a imagem de Allyson Bezerra é imune a críticas ou denúncias. Longe disso. O ponto é que, para haver mudança na percepção do eleitor, será necessária uma carga de informação mais robusta do que a disponível hoje.
A investigação do Ministério Público ainda está em andamento. Até o momento, temos apenas uma denúncia anônima — como tantas outras que surgem no ambiente político. E a experiência mostra que, sozinha, essa denúncia não tem força para abalar significativamente a imagem construída ao longo do tempo.
A história recente, especialmente a de 2024, reforça esse entendimento: denúncias, por si só, não desconstruíram a imagem positiva que parte do eleitorado formou sobre Allyson Bezerra. Prevalece, até agora, a percepção pessoal que cada um tem de sua gestão — para o bem ou para o mal.