O 7 de Setembro e o fim do discurso patriótico do bolsonarismo

Duas coisas me chamaram a atenção nos eventos de ontem, 7 de setembro, pelo Brasil.

Primeiro, a adoção do bandeirão americano na Avenida Paulista. Muitas bandeiras dos Estados Unidos, faixas de exaltação a Donald Trump, pedidos de intervenção norte-americana. O patriotismo sempre foi uma marca do bolsonarismo — a exaltação à nossa bandeira, ao verde e amarelo. Tudo isso perdeu o sentido.

O 7 de setembro é a celebração da nossa independência, o momento em que rompemos com a metrópole e nos declaramos um país soberano. O fim do pacto colonial significou que o Brasil passaria a traçar seu próprio destino. E justamente no 7 de setembro, o bolsonarismo ergue a bandeira americana, como se desejasse o retorno ao colonialismo, a perda da soberania.

Para mim, esse foi um grande erro que custará caro: a perda de um discurso cultivado por anos. Na guerra das narrativas, o discurso patriótico foi jogado na lata do lixo.

O segundo ponto que me chamou a atenção foram as mentiras de Tarcísio de Freitas. Todos sabemos o motivo de, após quase três anos no governo de São Paulo, vendendo uma imagem de moderador e pacificador, Tarcísio ter mudado radicalmente seu discurso: ele quer o apoio de Bolsonaro para ser presidente.

Falso como uma nota de três reais, estava lá Tarcísio na Paulista dizendo: “queremos Bolsonaro nosso candidato a presidente”, “eleição sem Bolsonaro não é democracia”. Ora, Tarcísio estava ali justamente para ser ele o candidato. Tudo o que menos deseja é que Bolsonaro recupere seus direitos políticos. Mas o discurso pinoquiano de Tarcísio fez corar de vergonha quem conhece minimamente o jogo político que está sendo jogado.

Tarcísio de Freitas resolveu radicalizar, não por convicção, mas por conveniência. Já é o escolhido do centrão e da Faria Lima; falta apenas a bênção de Bolsonaro. A fatura foi paga ontem.

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