Quem acha que João Maia foi repreendido por alguém por ter colocado gasolina na fogueira ao divulgar o “combinado” entre o MDB e a federação PP/União Brasil está enganado. Pelo que colhi junto às minhas fontes, houve, sim, certo desconforto — principalmente por parte de Walter Alves —, mas não houve telefonema nem mensagem de desaprovação.
João Maia, inclusive, já tinha um argumento pronto para qualquer eventual reprimenda: trata-se de um assunto de interesse público, e não se constrói um entendimento dessa natureza sem transparência com a população. No entanto, nem precisou usá-lo. Ninguém o questionou.
O que se sabe é que o “combinado” revelado por João Maia não estava tão combinado assim. O que ele expôs foi o que estava sobre a mesa, em fase de conversas, mas ainda sem martelo batido. O momento era de ajustes e troca de condições.
O que os emissários de Waltinho conversaram com as lideranças da federação foi que o vice-governador tinha interesse em disputar uma vaga na Assembleia Legislativa, precisava fortalecer a nominata do MDB e que uma eventual aliança também passaria pela indicação do vice na chapa.
Nesse possível acordo, o vice indicado pelo MDB precisaria ser um dos pré-candidatos a deputado estadual do partido, permitindo que Waltinho herdasse os apoios políticos desse “escolhido”. Em uma primeira conversa, chegou-se a cogitar o nome do deputado Hermano Morais.
O que João Maia revelou ao público foi a existência da negociação em si. O equívoco esteve mais na escolha da palavra “combinado”; o termo mais adequado seria “combinando”. A principal queixa foi ter atraído os holofotes para um assunto que ainda exigiria certo grau de sigilo. João discorda dessa avaliação e sustenta que o tema deve, sim, ser tratado de forma pública.
Por fim, uma informação importante: as negociações continuam. Não houve paralisação. João Maia segue dentro do processo. E, curiosamente, após a sua “inconfidência”, a distância para o batimento final do martelo ficou ainda mais curta.





