As repercussões sobre a reunião de ontem, em Natal, entre a cúpula do União Brasil e do PP — que integram a federação “União Progressista” — indicam que há muita retórica e pouca coisa concreta. E isso é bastante comum. Trata-se de um encontro com um objetivo claro: mostrar unidade, produzir uma boa fotografia e mandar recados a quem interessar possa.
O discurso de união das oposições, citado pelo ex-senador José Agripino ao falar com a imprensa sobre o encontro, soa mais como um gesto de boa vontade. O deputado João Maia já havia declarado que só enxerga possibilidade de união da oposição em um eventual segundo turno. O senador Rogério Marinho, por sua vez, classificou como bastante difícil a chance de uma união mais ampla.
Para entender a distância entre o discurso e a realidade, basta observar que ninguém, em nenhum momento, declarou estar disposto a abrir mão da candidatura. Nem Allyson nem Rogério disseram isso — e nem dirão. Todo mundo fala em unidade, desde que seja o outro a ceder.
Conforme escrevi ontem, a federação tem muitos problemas a resolver:
- A situação de Zenaide e a possível entrada do PSD na aliança;
- A escolha do vice e quem terá o direito de indicá-lo;
- A possível saída de Carla Dickson para o PL;
- O que fazer com Paulinho Freire, que apoia Rogério e quer indicar a esposa como vice;
- A nominata estadual e a resistência dos atuais deputados do União Brasil aos chamados “tubarões”;
- A nominata federal e a prioridade aos que já detêm mandato.
É importante lembrar que nenhuma dessas questões precisa ser resolvida agora. Provavelmente, só após a virada do ano elas serão enfrentadas — e, quando forem, não será diante das câmeras, e sim entre quatro paredes.