O fato de o Partido Liberal ter conseguido as 257 assinaturas necessárias para que o projeto de lei que propõe uma anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro seja votado em regime de urgência não significa tanto quanto os bolsonaristas imaginam.
As assinaturas são suficientes apenas para que o pedido de urgência da proposta seja votado no plenário — observe: não é o projeto em si, mas o pedido de urgência. Cabe ao presidente da Câmara, Hugo Motta, decidir quando o pedido será pautado, e ele não tem prazo estabelecido para isso.
Caso o pedido de urgência seja aprovado no plenário, o projeto será, então, apreciado em regime de urgência e, novamente, precisará de 257 votos favoráveis para ser aprovado.
Depois disso, o Projeto de Lei segue para o Senado, onde precisará de 42 votos para também ser analisado em regime de urgência e, posteriormente, aprovado. Se o Senado fizer qualquer alteração no texto, o projeto retorna à Câmara. Resumindo: o PL da anistia ainda tem um longo caminho pela frente.
Ainda mais porque a própria liderança da oposição reconhece que não há chances de aprovar o projeto como está, com anistia ampla, geral e irrestrita a todos os condenados pelo STF em razão dos eventos de 8 de janeiro. Uma ampla negociação ainda será necessária, capaz de atender aos interesses de todas as partes envolvidas.