Até alguns dias atrás, ninguém ouvia falar o nome de Cadu Xavier na sucessão estadual. Até que, certa noite, todos foram dormir e acordaram com o nome de Cadu nas manchetes, nos blogs, nos impressos, nos portais de notícias. Assim, de repente, do nada, enfim, em todo canto se lia sobre o balão de ensaio lançado aos céus.
A princípio, fiquei reticente em acreditar na informação. Porém, chamava minha atenção o fato de a notícia estar em tantos lugares diferentes ao mesmo tempo. Só quem mobiliza uma força de comunicação assim é uma estrutura bem azeitada. Minha conclusão: o governo está fazendo seus experimentos.
Pensei que talvez fosse um nome para vice-governador, já que, mesmo sendo um balão de ensaio, era necessário saber o que o atual vice-governador achava disso, pois ele era o candidato natural à cabeça de chapa. Uma fala da deputada Isolda também me alertou. Em entrevista, ela disse que era preciso respeitar a fila interna. Além disso, eu não atinava com a lógica da escolha. Por que Cadu? Só porque é o mais simpático do time de secretários? Isso é suficiente?
O tempo passou. Só mudei minha chave de análise quando li a entrevista de Waltinho dizendo que não era candidato, seguida de uma notícia com uma espécie de aval de Ezequiel. Pronto, agora sim, a chave virou. No dia seguinte lá estava a manchete com aspas de Cadu dizendo: “Estou com meu time em campo”.
Também mudei meu entendimento sobre a lógica dessa escolha. Pensando bem, faz sentido.
Se os nomes fossem Natália, Mineiro, Isolda, Francisco ou qualquer nome petista raiz e com militância identificada, já largariam no processo com um terço do eleitoral cravando rejeição. Independentemente de quem fosse, seria alvo de um antipetismo inflamado. Cadu não carrega essa identidade com o petismo ideológico. Digamos que tem uma imagem mais leve, mais descolada. Terá rejeição, sim, do eleitor antipetista, mas em proporção menor. Digamos que ele não deverá encabeçar nas pesquisas o título de mais rejeitado.
Outro aspecto que observo é que, de fato, o PT precisava buscar algo novo. Um nome novo. Qualquer analista, se consultado, aconselharia o partido a pensar em novas alternativas. E o PT habilmente faz isso com um ano e seis meses de antecedência do pleito. Tempo suficiente para trabalhar a popularidade do ungido.
Um terceiro aspecto importante a ser analisado: Cadu, diferentemente da quase a unanimidade dos petistas, tem bom trânsito no empresariado. Há alguns dias, ouvi de uma pessoa que, em conversa com um grande empresário do Estado, escutou dele que nunca havia sido tão bem recebido por um secretário de Fazenda. Cadu também é tido como cordial e simpático na classe política.
Por tudo isso, a escolha parece ter uma lógica favorável.
Agora, se tudo isso vai ser suficiente para gerar um candidato competitivo, aí precisamos de mais tempo pra fazer essa avaliação.