Racha no União Brasil: fala de Paulinho Freire revela que dilema de escolha na oposição é sobre quem é confiável e quem não é

A entrevista do prefeito de Natal, Paulinho Freire, à Rádio FM 96, precisa ser escutada com atenção. Uma, duas, três vezes. Suas falas são reveladoras.

Paulinho foi questionado sobre a importância da união dos partidos de oposição em 2026 e quais critérios devem ser adotados para a escolha do melhor nome para disputar o Governo do Estado. Ele respondeu que o critério não pode ser apenas o das pesquisas. Lembrou seu próprio exemplo — quando começou com 3% nas intenções de voto e terminou eleito prefeito de Natal — e o de Rogério Marinho, que derrotou um favorito ao Senado em 2022.

Disse ainda que é preciso considerar qual nome agrega mais, quem soma estrutura, atrai apoios e forma um grupo de sustentação mais forte.

Se o leitor do blog prestar atenção, perceberá que essas falas de Paulinho são praticamente idênticas às de Rogério Marinho quando questionado sobre o mesmo tema. Paulinho soa como se fosse Rogério falando. Igualzinho.

Talvez alguém retruque: “É só coincidência, qualquer um poderia dizer isso.” Não, de jeito nenhum. Não é mera coincidência de discurso — é discurso alinhado. Ajustado. E isso tem grande importância.

Todos sabem que a oposição enfrentará em breve um dilema: qual será o critério para definir seu candidato ao governo. José Agripino defende que a escolha seja baseada em pesquisa. Segundo ele, um instituto confiável deve fazer um levantamento sério, quantitativo e qualitativo, e o nome com maior chance de vitória deve ser o escolhido. Para Agripino, o eleitor é quem decide no fim — então, deve-se ouvi-lo desde já.

Rogério Marinho discorda. Ele argumenta que pesquisas em fase de pré-campanha não são determinantes. Cita exemplos de lideranças que começaram na frente e perderam no final. Por isso, defende que o critério principal deve ser quem mais agrega, quem tem grupo, quem traz estrutura.

O pano de fundo desse embate é claro: Allyson Bezerra, defendido por Agripino, lidera todas as pesquisas. Mas Rogério acredita que ele próprio agrega mais ao palanque que Allyson. Alega ter um grupo político mais sólido e, portanto, ser mais capaz de somar para o projeto da oposição.

Há ainda um argumento implícito — não dito nos microfones, mas evidente nas entrelinhas: Rogério dá a entender que é mais confiável, mais leal, homem de grupo. Que, se vencer, prestigiará seus aliados. E deixa no ar que Allyson não é de grupo, que tende a descartar companheiros — como, segundo ele, já estaria acontecendo em Mossoró.

Agora entende por que é importante prestar atenção nas entrevistas de Paulinho Freire? Ao defender exatamente os mesmos argumentos de Rogério, ele está deixando claro de que lado está.

E todos sabemos: o União Brasil está dividido. Paulinho, por sua vez, é uma das principais referências da sigla e terá papel decisivo nessa divisão interna.

Para mim, ficou muito claro. Claríssimo. E para você?

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