Walter fora, Cadu dentro: a construção lenta do projeto governista para manter o poder em 2026

Chegamos agora à análise do terceiro palanque que está sendo montado no Rio Grande do Norte para as eleições de 2026. Estamos fazendo uma avaliação de quem ganhou e quem perdeu nesses seis primeiros meses de 2025, considerando que a campanha eleitoral começou cedo demais e os grupos envolvidos estão se movimentando desde 2024.

Existem coisas negativas e coisas positivas a serem contabilizadas pelo governo neste semestre. A definição de que Walter Alves não seria candidato e a escolha de Carlos Eduardo Xavier, atual secretário de Fazenda do RN, como pré-candidato do PT ao governo, foram, no meu entender, as duas coisas positivas que podem ser colocadas na conta dos governistas.

Vou explicar por que considero essas duas decisões como positivas.

A definição sobre Walter Alves, feita de forma antecipada, evita que o palanque governista atravessasse um ano inteiro em cima das especulações: Walter será ou não candidato? O PT vai aceitar Walter ou não? Walter será traído? Essas seriam questões que recheariam as manchetes políticas enquanto não se tivesse uma definição. De forma inteligente, Walter Alves se antecipou, anunciou sua decisão e evitou um estrago de longo prazo.

Também considero a escolha de Cadu positiva do ponto de vista da estratégia política. O PT não tinha tantas opções internas. Natália, Mineiro… ninguém queria ser candidato ao Executivo. Cadu é um grande desconhecido no Estado, mas tem qualidades que, no devido tempo, serão aproveitadas eleitoralmente. É bem articulado, é um bom debatedor, é conciliador, é reconhecido dentro do governo, é reconhecido fora do governo e tem simpatias no empresariado e na mídia.

Ninguém se engane: o desconhecimento sobre Cadu, que hoje lhe rende números insignificantes nas pesquisas, não será uma situação que vai perdurar eternamente. Acredito que não será da noite para o dia que Cadu Xavier irá reverter as pesquisas, mas ele tem muitas possibilidades de superar esse desconhecimento, claro que isso é algo que leva tempo e, se bem conduzido, poderá render frutos no tempo certo.

Reforço essa minha análise lembrando que Fátima Bezerra teve 54,8% dos votos para o Senado em 2014, teve 57,6% dos votos para o Governo em 2018 e foi reeleita ao governo em 2022 com 58,3% dos votos. Natália Bonavides foi para o segundo turno em Natal, num reduto eleitoral que nunca foi fértil para o petismo, desbancando o favorito Carlos Eduardo Alves.

Enfim, afirmo que o PT tem seus votos no Rio Grande do Norte. E não são os 3% atuais de Cadu nas pesquisas — são muito mais. Lula foi eleito em 2022 com dois terços dos votos no RN. Lula vai ser candidato de novo. A polarização PT e PL vai estar de novo em evidência. Há elementos para entendermos que o PT não é o “pato morto” que alguns teimam em julgar precocemente.

O grande fato negativo do PT nesse primeiro semestre é, sem dúvidas, a aposta em Zenaide Maia para uma parceria com Fátima Bezerra, numa dobradinha ao Senado. Zenaide está dando sinais de que vai preferir a aliança com Allyson Bezerra e fez o PT perder bons seis meses numa articulação sem futuro.

Em linhas gerais, acho que o primeiro semestre de 2025, para o PT, se não serviu para catapultar o partido a um patamar mais alto, pelo menos assegurou com os passos dados que ele não caísse. O palanque de hoje é exatamente do mesmo tamanho que era em 1º de janeiro. Ainda tem o que crescer, mas se serve de consolo, não retrocedeu.

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