Bolsonaro e a prisão: por que ainda acredito numa tentativa de fuga

Até a semana passada, eu apostava minhas fichas de que o ex-presidente Jair Bolsonaro fugiria do país. Num momento oportuno, antes da conclusão do julgamento no STF, ele deixaria o Brasil.

Agora, o cenário mudou. Com tornozeleira eletrônica e monitoramento online, Bolsonaro talvez não consiga mais executar essa fuga — a não ser, claro, que conte com apoio dos Estados Unidos para realizá-la.

Minha crença na fuga sempre foi baseada no histórico do ex-presidente. Aqueles dois dias em que se refugiou na embaixada da Hungria, em Brasília, logo após ter o passaporte confiscado pelo STF, mostraram claramente como ele lida com ordens de prisão. O mesmo vale para a saída do Brasil dois dias antes do fim do mandato: não foi uma simples viagem para evitar passar a faixa presidencial a Lula. Mesmo se estivesse no país, não era obrigado a comparecer à cerimônia. Aquilo foi uma fuga — motivada pelo medo de que, com a posse do petista, viesse alguma decisão judicial contra ele.

Com o julgamento no STF se aproximando, Bolsonaro teria duas opções: aceitar uma prisão domiciliar por cerca de um ano, esperando que um “ungido” vencesse a eleição presidencial e lhe concedesse perdão em 2027; ou fugir para os Estados Unidos, evitando a prisão e aguardando o mesmo desfecho.

Em ambas as hipóteses, Bolsonaro apostaria no mesmo elemento: o perdão presidencial. A diferença é que, se ficasse preso no Brasil e Lula fosse reeleito, o perdão não viria — e a pena poderia se estender por muito tempo.

Por isso, entendo que, entre prisão e exílio, Bolsonaro escolheria a fuga. Não apenas para evitar os riscos de uma longa pena, mas por convicção pessoal. Ele mesmo disse, ainda no mandato, que entre a morte, a prisão e a presidência, a única hipótese impossível seria a da prisão.

Bolsonaro não tem o perfil de quem aceita a prisão. Não tem a consciência de que suportaria algo que considera uma injustiça. Para concluir: embora a fuga hoje seja mais difícil, não duvido de nada. Minha opinião é que ainda veremos uma tentativa — com êxito ou sem.

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