Fux decide e STF dá sinais que vai adiar a redistribuição de vagas na Câmara para 2030

As eleições no Brasil obedecem ao princípio da anualidade, ou seja, as regras de cada pleito devem estar aprovadas até um ano antes da votação seguinte. Por isso, encerra-se na quarta-feira, 1º de outubro, o prazo para definir o número de vagas de cada Estado na Câmara dos Deputados.

O STF havia julgado uma ação do governo do Pará, que apontava omissão do Legislativo em atualizar o número de deputados conforme a mudança populacional, registrada pelo censo demográfico a cada dez anos. O Pará alegava ter direito a mais quatro cadeiras desde 2010.

Em resposta, o STF fixou prazo até 30 de junho de 2025 para que o Congresso Nacional atualizasse a distribuição de vagas com base nos dados do censo de 2022. Dentro do prazo, o Congresso aprovou uma nova configuração, ampliando de 513 para 531 o número de deputados. Contudo, o presidente Lula vetou a medida, e até hoje o veto não foi apreciado.

Nesta semana, chegou ao STF um pedido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para que qualquer alteração no número de deputados federais — seja a ampliação para 531 ou eventual normatização do TSE — só produza efeitos a partir das eleições de 2030. Segundo Alcolumbre, como o veto ainda não foi analisado pelo Congresso, o processo legislativo não foi concluído. Ele defendeu a manutenção do atual quadro, em nome da segurança jurídica e da estabilidade do processo eleitoral.

O relator do pedido, ministro Luiz Fux, acolheu os argumentos do Congresso e concedeu decisão cautelar, determinando que o número de vagas da Câmara permaneça o mesmo de 2022 para as eleições de 2026. Assim, fica suspensa a aplicação imediata da decisão anterior do próprio STF, que havia determinado a atualização até junho de 2025.

Fux enviou o caso ao plenário virtual, em regime de urgência, para que os demais ministros se posicionem até a quarta-feira..

Análise

Embora a decisão de Fux contrarie o que o próprio STF havia definido — sob pena de o TSE promover a redistribuição por resolução —, tudo indica que há um acordo tácito entre Tribunal e Congresso para adiar a questão para 2030. O movimento parece ter, além de efeitos práticos, a intenção de suavizar a relação entre os dois poderes.

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