Fazendo uma análise sobre a repercussão do rompimento político entre o prefeito Allyson Bezerra e o vereador Wiginis do Gás — ambos filiados ao União Brasil — chego à conclusão de que a menor consequência é o rompimento em si. Afinal, o eleitor não se importa muito se dois aliados políticos se desentenderam. O que realmente importa é como o recado chega aos ouvidos da classe política mais acima.
Um exemplo disso: estão soprando no ouvido do prefeito Paulinho Freire que o motivo do rompimento teria sido o apoio de Wiginis à pré-candidatura de Nina Souza. E se Paulinho está acreditando nisso — e tudo indica que sim — então o problema é bem maior. Nesse contexto, o alvo seria Nina, e Wiginis apenas o efeito colateral.
Visto por esse ângulo, há quem diga que o roteiro já está pronto: Allyson não teria gostado da indireta de Paulinho, quando ele afirmou que “não foi eleito para ficar dando cambalhotas nas redes sociais”. O troco estaria vindo agora, com o prefeito minando os espaços que Nina tenta abrir em Mossoró.
Se essa leitura for correta, o próximo na linha seria o vereador Petras Vinícius, que recentemente admitiu ter ficado balançado com o convite feito por Nina para disputar uma vaga de deputado federal. Petras integra a base de Allyson. E logo atrás vem Vavá Martins, também da base, mas já acertado para apoiar Ivanilson Oliveira à Assembleia. A fila, ao que tudo indica, pode ser ainda maior.
Voltando ao raciocínio inicial — de que o que vale é a versão dos fatos dentro da classe política —, se Paulinho Freire de fato interpretou que o alvo é sua esposa, a reação é certa. Ela pode vir na forma de obstáculos às costuras políticas de Allyson, ou no enfraquecimento dos entendimentos dentro do próprio União Brasil.
A pergunta que se impõe agora é: Wiginis foi punido pelo apoio a Ivanilson ou pelo apoio a Nina?
Há um dado que ajuda a responder: o apoio de Wiginis a Ivanilson é público há mais de um ano e já foi reiterado diversas vezes em entrevistas. Já o anúncio de apoio a Nina Souza, para deputada federal, foi feito no último fim de semana — e na terça-feira seguinte o Diário Oficial do Município já publicava as exonerações dos cargos indicados por ele.
Por isso, Paulinho acredita que o “castigo” veio em razão do apoio a Nina. E é aí que está o ponto central da história: o jogo não é sobre Wiginis — é sobre quem ele escolheu apoiar. O jogo é mais em cima.






