Os recentes acontecimentos da política potiguar, que apontam para um provável rompimento entre a governadora Fátima Bezerra e o vice-governador Walter Alves, acabaram suscitando uma questão de fundo que passou a dominar os debates na mídia e nas redes sociais: a lealdade política de Walter Alves ao seu então aliado, o Partido dos Trabalhadores.
O que mais chamou a atenção nas revelações feitas pelo deputado João Maia foi uma frase que se tornou emblemática no noticiário: “É o que está combinado”. A declaração respondeu diretamente ao questionamento sobre a possibilidade de o MDB indicar o vice na chapa do prefeito Allyson Bezerra.
Considerando que Walter Alves respondeu com silêncio após a divulgação da entrevista de João Maia e não desmentiu nenhuma das afirmações, a informação passou a ser tratada como verdadeira.
A partir daí, surgiu a questão seguinte: Walter Alves teria tramado contra o governo enquanto ainda integrava a gestão estadual?
Os fatos levam a crer que o vice-governador iniciou negociações com o União Brasil enquanto dezenas de indicados seus seguem ocupando cargos estratégicos na estrutura do Estado. Secretarias importantes, além da Caern, estão sob influência direta do grupo político ligado a Walter Alves.
A questão ética que se coloca é que o vice-governador deveria, primeiro, ter deixado o governo para, somente depois, buscar alianças com forças políticas que pretendem derrotar a atual gestão. A condução do processo causou forte desgaste, uma vez que as negociações teriam ocorrido enquanto sua estrutura política continuava tomando decisões, exercendo comando e operando normalmente dentro do governo.
Esse cenário leva o debate para um ponto ainda mais sensível: a confiabilidade política de Walter Alves em seus acordos eleitorais. Afinal, em Walter Alves, pode-se confiar? Essa é a pergunta que passou a nortear o debate público.
Ao percorrer os comentários dos leitores nos diversos blogs que abordaram o tema, observa-se uma predominância expressiva de avaliações negativas sobre a forma como o vice-governador conduziu todo o processo.
A percepção mais recorrente é a de que Walter Alves tem pleno direito de romper com a governadora, buscar novas alianças e redefinir seu caminho político. No entanto, muitos consideram que isso jamais deveria ter ocorrido enquanto ele ainda integrava formalmente o governo. Há, inclusive, leitores que veem grande dificuldade em Walter se apresentar agora como oposição a uma gestão da qual fez parte por três anos consecutivos.





