Nos bastidores da política estadual, o assunto dominante da última semana foi a guinada nos planos do vice-governador Walter Alves e do MDB. A mudança de cenário, sobretudo após a perda da expectativa de poder, gerou frustração entre aliados e provocou um efeito cascata dentro do partido.
O noticiário em torno da possibilidade de Walter desistir de assumir o Governo repercutiu negativamente entre lideranças que viam na transição uma oportunidade concreta de fortalecimento político. Um deputado estadual que estava prestes a ingressar no MDB tem confidenciado a interlocutores próximos que o cenário mudou radicalmente. Segundo ele, “uma coisa é ir para o MDB com Walter na cadeira de governador, outra é entrar vendo Walter candidato a deputado estadual”.
A avaliação recorrente entre esses aliados é que, com Walter no comando do Executivo, haveria abertura política e espaço para acomodar projetos individuais. Sem essa perspectiva, as portas se estreitam, e o risco eleitoral aumenta.
Até então, o MDB trabalhava com a projeção de eleger, em 2026, a maior bancada da Assembleia Legislativa. O presidente da Casa, Ezequiel Ferreira, chegou a desenhar uma nominata considerada robusta, com nove deputados de mandato: além dele próprio, apareciam Ubaldo Fernandes, Dr. Bernardo, Hermano Morais, Eudiane Macedo, Galeno Torquato, Nélter Queiroz, Ivanilson Oliveira e Kléber Rodrigues.
O problema surgiu na chamada “esteira política”. Nomes sem mandato, mas com potencial eleitoral, passaram a resistir a compor a nominata, temendo o risco de um chapão excessivamente pesado. Esse movimento se intensificou quando veio à tona a informação de que Walter não teria mais disposição para assumir o Governo.
Com a perda da esteira, a desconfiança chegou também aos deputados de mandato. Parte deles passou a questionar a viabilidade do projeto sem Walter no Executivo, condição vista como essencial para cumprir acordos e garantir sustentação política.
Parlamentares como Ubaldo Fernandes, Hermano Morais, Dr. Bernardo, Nélter Queiroz e Eudiane Macedo recuaram. A leitura foi de que, fora do Governo, Walter não teria como entregar o que havia sido sinalizado. Além disso, uma eventual pré-candidatura do vice à Assembleia foi interpretada como quebra de acordo interno.
O projeto que previa a eleição de oito ou nove deputados estaduais e até o comando da Assembleia Legislativa em 2026 se desfez rapidamente. Nos bastidores, há quem atribua o fracasso à falta de estratégia clara. Outros avaliam que, independentemente do caminho escolhido, o MDB errou no planejamento político.




