Três nomes estão anunciados na disputa pelas duas vagas ao Senado que estarão em jogo no Rio Grande do Norte em 2026: Styvenson Valentim, Zenaide Maia e Fátima Bezerra. Provavelmente outros nomes devem surgir, até porque estes três nomes farão dobradinhas próprias para a disputa.
Quero falar um pouco da candidatura de Styvenson Valentim. Eleito em 2018 caracterizado como o candidato da antipolítica, Styvenson foi um dos grandes beneficiados pelo momento que a política brasileira vivia com a Operação Lava Jato, que abriu espaços para as figuras hostis ao modelo político tradicional. Ele pediu votos com um discurso de outsider, não político, negando-se a fazer a campanha convencional e sequer utilizou a verba pública eleitoral.
O tempo passou, a Lava Jato desceu pelo ralo e muitos dos atores políticos desse tempo foram juntos com ela. Styvenson agora tenta se reinventar, virar a chave, tem dito que está aprendendo a fazer a política como ela é.
Na realidade, ele busca um caminho para se manter relevante. Percebeu que o personagem da antipolítica não lhe cai tão bem. Afinal, depois de seis anos de mandato, usufruindo de todas as vantagens e benesses que o cargo lhe deu, não pode mais se vender como alguém “de fora do sistema”.
De fato, o cenário mudou. E o senador sentiu isso na pele nas eleições de 2022, quando se candidatou ao governo terminando o pleito com 16% dos votos. Naquela campanha, ele até que tentou vestir o mesmo personagem e repetir a estratégia, chegando a postar nas redes sociais, durante a campanha, deitado no sofá da sala de sua casa, enquanto os adversários corriam atrás do eleitor.
O Styvenson de 2026 pretende apresentar um novo personagem. Ele segue competitivo, tem bons números nas pesquisas preliminares, mas ainda carrega muitos traços do velho Styvenson. Um exemplo claro são as constantes postagens com o dedo em riste, atacando adversários. Parece perdido quando não tem um alvo para criticar.
O senador ainda não encontrou um equilíbrio entre o antigo e o novo personagem, o que gera uma espécie de conflito interno. Esse pode ser seu maior obstáculo: a falta de uma identidade política bem definida.
Uma vantagem para Styvenson é que, numa disputa direta com Fátima e Zenaide, ambas competem pelo mesmo eleitorado, enquanto ele segue sozinho em seu nicho. No entanto, essa divisão pode se tornar uma fraqueza caso as duas consigam concentrar votos ao invés de dividi-los. São duas vagas na disputa.
Além disso, Styvenson ainda não tem um segundo nome para formar a dobradinha. O que pode abrir espaço para suas adversárias avançarem no seu nicho.
Confesso que estou curioso para ver o novo Styvenson de 2026. Por enquanto, ele segue em fase da transição.