Na eleição de 2024, no RN, chamou a atenção a estratégia utilizada por diversos candidatos ao usarem institutos de pesquisa para alavancar suas campanhas. O exemplo mais evidente foi em Natal, onde, na reta final da campanha, chegamos a ter 17 pesquisas registradas em uma única semana.
Vou tentar explicar um pouco sobre como funciona essa estratégia usando as pesquisas.
Primeiro, quero esclarecer que nem todo instituto de pesquisa aceita fazer parte dessa farsa. A maioria deles é composta por profissionais sérios e comprometidos com o trabalho. No entanto, há aqueles que aceitam participar. Não é à toa que, em 2024, no RN, tivemos pesquisas registradas por cerca de três dezenas de institutos diferentes.
A estratégia consiste em encomendar pesquisas com números pré-fabricados. Porém, ela não vinga se não houver outras pesquisas em conluio. Primeiro, uma pesquisa precisa apresentar números bem acima da realidade eleitoral do contratante. Em seguida, mais dois ou três institutos divulgam resultados semelhantes aos da primeira pesquisa, tentando normalizar esses números.
O passo seguinte é um outro instituto trazer números ainda mais altos e extravagantes, fazendo com que os dados da primeira pesquisa sejam aceitos com maior naturalidade. A estratégia segue adiante em um próximo ciclo de pesquisas, consolidando os números anteriores. No terceiro ciclo, o processo se repete, impulsionando ainda mais os números do candidato contratante.
Com essa estratégia, o objetivo é alavancar candidaturas que se encontram em posições intermediárias, tornando-as, aos olhos do eleitor, mais competitivas e viáveis.
Por isso, aconselho sempre a manter um olhar crítico diante dos números das pesquisas, analisando o histórico da empresa, a realidade eleitoral e os ciclos de divulgação. Não custa nada manter a atenção.