Fica cada vez mais evidente que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, entrarão em rota de colisão em breve. As diferenças entre os dois já são perceptíveis.
Basta observar as últimas entrevistas de Bolsonaro. Ao Estadão, ele afirmou que Tarcísio ainda é um político inexperiente. Em outra ocasião, classificou o governador como um bom político, mas fez questão de destacar que o PL tem outros nomes tão competentes quanto ele.
O embate é apenas uma questão de tempo.
Bolsonaro segue irredutível em seu plano de disputar novamente a presidência da República. Ele acredita que pode repetir a estratégia de Lula em 2018, mantendo sua candidatura até o limite e sendo substituído por um aliado caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirme sua inelegibilidade.
O ex-presidente tem esperança de que seus aliados encontrarão uma solução para reverter sua inelegibilidade. Com essa confiança, ele se recusa a considerar qualquer outro nome para substituí-lo na chapa presidencial, temendo perder protagonismo no processo.
O grande problema para Tarcísio é que ele não pode ficar à mercê desse plano. Seria impensável para ele entrar na pré-campanha de 2026 sem uma definição clara: disputar a reeleição em São Paulo ou aguardar a desistência de Bolsonaro. Seguir esse enredo seria um suicídio político.
O confronto entre os dois se torna inevitável porque Tarcísio já não tem total controle sobre seu próprio destino político. O mercado financeiro e a grande mídia o veem como o candidato ideal para a presidência e o pressionam a assumir essa posição desde já.
Bolsonaro, por sua vez, não aceitará ser contrariado por seu pupilo e exigirá fidelidade. Com seu estilo característico, ele, que hoje chama Tarcísio de inexperiente e menciona outros nomes do PL como alternativas, amanhã poderá rotulá-lo de ingrato e ambicioso.
Não há espaço para uma conciliação. Ambos parecem ter consciência disso. Tarcísio já foi alertado sobre o inevitável rompimento e sabe que precisará evitar sair dessa relação como o vilão.
A única dúvida agora é: quem atirará a primeira pedra?