Para quem acompanha atentamente as movimentações políticas no Rio Grande do Norte, percebe duas estratégias já em execução. O senador Rogério Marinho tem evitado falar no prefeito Alysson Bezerra. Seu propósito é desconsiderar o prefeito de Mossoró na sucessão estadual e estabelecer uma polarização direta com o governo de Fátima Bezerra e o PT, mirando no eleitorado antipetista. Para Rogério e seu grupo, não interessa trazer Alysson para o centro do embate.
Da mesma forma, a governadora Fátima Bezerra não demonstra interesse em dar visibilidade ao prefeito de Mossoró e para isso foca em Rogério, o adversário escolhido para a polarização. O plano do PT, ao concentrar em Rogério o tiroteio, é movimentar o voto antibolsonarista, e, para isso, considera como estratégico impedir que um terceiro nome venha a dividir a atenção do eleitor. O embate direto entre Fátima e Rogério fortalece ambos os lados.
Considerando que as eleições são um processo altamente emocional, fomentar essa polarização — especialmente em tempos de redes sociais ativas — beneficia tanto Rogério quanto Fátima. Além disso, essa tática dificulta o surgimento de um “outsider”, impedindo que novos nomes ganhem espaço no debate público. Ou seja, evitar que alguém “fure a bolha”.
Esse parece ser o plano de ambos. E faz sentido, pois Alysson Bezerra representa um concorrente perigoso. Nenhum dos dois domina tão bem o ambiente digital quanto ele, e as pesquisas indicam que pode se tornar um adversário forte. Além de não carregar sob os ombros a identidade bolsonarista ou petista.
A tentativa de excluir o prefeito de Mossoró e reforçar a polarização é, portanto, uma estratégia lógica. Rogério e Fátima se beneficiam do antagonismo mútuo. Quanto mais os eleitores forem estimulados a agir com base na paixão e na rejeição — seja entre esquerda e direita, conservadores e progressistas —, melhor para ambos.
É notável como Rogério evita mencionar Alysson, assim como a governadora. Parece haver um jogo combinado, no qual parte da mídia também é orientada a ignorar o nome do prefeito de Mossoró.
Não há nada de anormal nisso. O jogo político está sendo jogado, e cada um utiliza as armas que tem à disposição. Tudo dentro das regras.