Ainda não consigo entender o novo perfil do senador Styvenson Valentim. Trata-se de um perfil cheio de contradições. Vamos a elas.
Styvenson afirma que votou a favor de 80% dos projetos do governo Bolsonaro e de 60% dos projetos do governo Lula. Ele argumenta que vota pelo Brasil, não por governos. No entanto, como entender que o mesmo Styvenson agora declare que não enviará mais emendas para a governadora Fátima? Ora, ele destina emendas para a governadora ou para o Estado do Rio Grande do Norte?
Tem sido comum o senador usar suas redes sociais para ameaçar prefeitos com a suspensão do envio de emendas. O mesmo senador que parece compreender muito bem o caráter institucional de seu mandato ao votar não por Lula ou Bolsonaro, mas pelo que considera melhor para o país, no momento seguinte esquece esse conceito e diz que não destinará emendas ao prefeito X ou Y, ignorando que esses recursos deveriam beneficiar a população.
Além disso, Styvenson frequentemente desconsidera o papel institucional do mandato ao personalizar a destinação de emendas em suas redes sociais, utilizando a primeira pessoa: “Eu estou enviando dinheiro para a cidade X”, “Eu mandei um milhão para isso”, “Cadê o dinheiro que eu mandei, prefeito?”
Na verdade, ele encontrou um filão eleitoral do qual não pretende sair: as emendas ao orçamento.
A estratégia de Styvenson é fácil de detectar. Vejamos o caso da emenda nº 5 de 2024, de sua autoria, no valor de R$ 32.774.850,00, destinada a múltiplas áreas. Ele fragmentou essa emenda para quase uma centena de municípios, distribuindo valores como R$ 100 mil para um, R$ 200 mil para outro, R$ 250 mil para mais um, R$ 300 mil para outro e assim por diante. Tudo dinheiro público.
A estratégia do senador é fazer parecer que esses recursos saem diretamente de sua conta para beneficiar a população. Para reforçar essa imagem, ele constrói uma narrativa de cobrança diária aos prefeitos. Para um, diz que enviou verba para uma quadra esportiva; para outro, para uma creche; para mais um, para a reforma de uma escola. Com essa repetição diária, citando uma a uma suas emendas, Styvenson se projeta como um grande benfeitor. E, ao cobrar constantemente a aplicação dos recursos, associa-se à imagem de fiscal da eficiência, em contraposição a um Estado que, segundo ele, gasta mal.
Deixo claro que não há crime no procedimento de Styvenson. Minha crítica se refere às contradições em sua postura, que considero antiética, desinformada e oportunista.