Ao evitar Bolsonaro, Styvenson tenta manter distância de rótulos políticos

Muitas pessoas questionaram a ausência do senador Styvenson Valentim na programação de Jair Bolsonaro no Rio Grande do Norte. De fato, Styvenson não acompanhou nenhum evento e não compareceu a nenhuma parte da agenda.

A primeira interpretação é que há, nesse gesto, uma grande coerência de Styvenson. Ele sempre fez questão de dizer que não era do time bolsonarista, procurou evitar esse carimbo e, por diversas vezes, precisou se explicar por atitudes que tivessem aparência ou discurso da extrema-direita.

Muito provavelmente, Styvenson avaliou com cuidado os prós e contras de comparecer ou não aos eventos com Bolsonaro. Não haveria grande prejuízo caso ele marcasse presença, já que mantém uma aliança política com Rogério Marinho, do PL, partido de Bolsonaro. Seria natural que um aliado prestigiasse a agenda de outro aliado.

No entanto, Styvenson preferiu não dar aos adversários o discurso de que “virou a casaca”. Não quis abrir brechas para acusações de que, para se eleger, aceitaria qualquer coisa — até mesmo se curvar ao “mito”. Essa parece ter sido a principal motivação para sua ausência.

Por outro lado, o senador pode ter um preço a pagar pela decisão. A recusa em aparecer publicamente ao lado de Bolsonaro pode gerar reprovação entre os apoiadores mais fiéis do ex-presidente. Porém, Styvenson certamente calculou que, ao se afastar, preservaria os votos que hoje tem no centro e até mesmo entre os eleitores de perfil mais progressista.

O saldo esperado pela ausência de Styvenson na agenda de Bolsonaro é a consolidação de sua imagem de independência: um candidato que não está atrelado nem à esquerda nem à direita, nem ao bolsonarismo nem ao petismo. Styvenson quis se apresentar como alguém acima dessas polarizações, independente. Ainda na esteira da antipolítica.

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