Muita gente se indagou por que o pré-candidato ao governo do RN pelo PT, Cadu Xavier, omitiu o nome do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, ao desafiar seus possíveis adversários em 2026 para um debate público sobre o estado. Cadu citou nominalmente Rogério Marinho e Álvaro Dias para o confronto de ideias.
Para complementar, afirmou: “Não só eles, mas qualquer um.”
A omissão do nome de Allyson não foi por acaso; faz parte de uma estratégia que consiste em fazer com que o eleitor enxergue no processo eleitoral apenas dois polos que desejam se antagonizar no palanque.
Dentro dessa lógica, Cadu representa o polo progressista, defensor de um governo que fez entregas importantes para o estado, além de sustentar a democracia e o estado de direito. Do outro lado, os bolsonaristas, representados por Rogério Marinho e Álvaro Dias, que seriam os defensores do golpe de Estado e de pautas antidemocráticas.
Particularmente, considero um erro a estratégia de Cadu, embora reconheça que há uma lógica política por trás. Não gosto dessa tática porque ela se choca com a realidade. Allyson lidera as pesquisas, é considerado favorito ao governo e não pode ser simplesmente apagado porque um candidato decidiu ignorar os fatos. Nunca vi um marketing ser bem-sucedido distorcendo a realidade e criando um cenário fictício.
Sou um eterno defensor da sinceridade no palanque. O grande objetivo é alcançar o coração do eleitor — e não vejo como isso possa ser feito distorcendo a fotografia da realidade. E o pior: trata-se de uma distorção identificável. O eleitor não é bobo. Ele sabe que há um outro pré-candidato importante para esse debate que está sendo ignorado para se criar um embate artificial. Para convencer, o debatedor precisa ser verdadeiro. E começar ignorando a realidade é um péssimo caminho para alcançar o coração do eleitor.