A candidatura da primeira-dama de Mossoró, Cínthia Pinheiro, à deputada estadual, ainda não causou rachaduras visíveis na estrutura política do prefeito Allyson Bezerra, que já deu sinal verde para que o projeto seja levado ao conhecimento da opinião pública.
O impacto mais imediato recaiu sobre os planos do presidente da Câmara Municipal, Genilson Alves, que, embora não tivesse oficializado, cogitava lançar-se candidato à Assembleia Legislativa. A visita recente de Cínthia a Genilson, na qual ele garantiu seu apoio, selou o destino da eventual candidatura dele.
No entanto, a candidatura da primeira-dama funciona como uma bomba de efeito retardado. As maiores explosões ainda estão por vir — especialmente dentro da base governista na Câmara Municipal. Dos 15 vereadores que compõem a base aliada, oito apoiarão Cínthia, enquanto os outros sete já demonstram apoio a outros nomes. Entre os dissidentes estão Petras Vinícius, Wiginis do Gás, Vavá Martins, Ozaniel Mesquita, Ricardo de Dodoca, Alex do Frango e Tony Cabelos.
Oficialmente, sabe-se que Allyson reuniu a bancada e consentiu que cada vereador apoie nomes que integrem sua base política estadual. A condição é clara: os candidatos apoiados devem, por sua vez, apoiar Allyson para o Governo do Estado. Casos como os de Wiginis e Vavá — que pretendem manter apoio ao deputado Ivanilson Oliveira — ainda dependem de uma definição pública por parte do parlamentar, que recentemente afirmou não ter decidido a quem dará apoio ao Governo em 2026.
Um detalhe importante, que deverá emergir nos próximos meses, é que essa autorização para apoios alternativos pode ser apenas formal. Nos bastidores, vereadores experientes e conhecedores do estilo político de Allyson afirmam que, no momento decisivo, a Prefeitura fechará as portas para quem tentar converter votos para candidatos que não sejam Cínthia.
Essa “liberdade controlada” poderá resultar em obstáculos práticos: pedidos não atendidos, serviços negados, secretarias inacessíveis. Em resumo, cada vereador dissidente terá que remar com seu próprio remo — sem o apoio da máquina administrativa.
Por ora, o ambiente parece sob controle, com um ajuste fino em curso. No entanto, rupturas são praticamente inevitáveis, e é natural que ocorram à medida que a disputa se intensifique. A grande dúvida é até que ponto os vereadores resistirão às pressões e o quanto os outros candidatos a deputado estadual ligados ao grupo de Allyson aceitarão o tratamento desigual.