Não está fácil interpretar as idas e vindas de Rogério Marinho quanto à sucessão estadual. Nas últimas semanas, me dediquei a analisar os movimentos do senador e consegui identificar pelo menos cinco sinais de que ele realmente não pretende mais ser candidato ao Governo do Estado.
O primeiro sinal foi a mudança no discurso. Em janeiro, era inconfundível o entusiasmo do senador ao declarar seu desejo de ser candidato. Rogério falava com emoção sobre o sonho e a honra de governar o Rio Grande do Norte. Já em março, tudo mudou. A fala enfática deu lugar a um discurso mais cauteloso, enfatizando que as “circunstâncias” é que ditam as decisões políticas, e destacando sua posição nacional, que poderia levá-lo a um novo patamar.
O segundo sinal foi o seu afastamento do estado. Se antes o senador estava constantemente envolvido com questões locais e buscava polarizar com os governistas, de repente, passou a priorizar Brasília e temas de alcance nacional. A mudança de foco ficou evidente.
O terceiro sinal foi o surgimento de um debate sobre a pluralidade de nomes na oposição para encabeçar a chapa. Antes, era claro que Rogério era o nome natural. Embora houvesse esforço para unir o máximo de lideranças oposicionistas, não havia dúvidas de que ele liderava a fila. Agora, não mais. O próprio Rogério afirmou recentemente que ele, Álvaro ou Styvenson poderiam ser candidatos. A mudança é visível.
O quarto sinal foi a desaceleração geral do projeto. Trata-se de uma percepção quase sensorial: o ritmo diminuiu, o fôlego não é mais o mesmo. Como já demonstrado neste texto, diversos fatores indicam essa mudança. E a causa parece ser o próprio Rogério, cuja postura sinaliza que a corrida estadual deixou de ser prioridade.
Por fim, o quinto sinal é o recuo dos aliados. Já ouvi de alguns que o projeto mudou. Eles não afirmam mais com convicção que Rogério será o candidato. Agora, a fala é: “Se Rogério for mesmo candidato, será o meu candidato.” Está claro que as lideranças municipais desceram do palanque da certeza e passaram a tratar sua candidatura como uma possibilidade, e não uma definição. Internamente, muitos desses aliados já traçam seus planos A e B — tal como o próprio Rogério.
Diante desses cinco sinais, é difícil interpretá-los de outra forma: tudo indica que Rogério desistiu. Digo isso contrariando minha própria leitura anterior, pois acreditava que sua candidatura era irreversível. Mas, na política, é preciso interpretar os sinais — e são muitos os que mostram que o senador está recuando.