Quando o deputado federal João Maia afirmou que o acordo em negociação com o vice-governador Walter Alves previa apoio para a formação da nominata do MDB, havia uma razão objetiva para o tema ocupar espaço central nas tratativas. Walter enfrenta dificuldades crescentes para estruturar as chapas do partido para 2026.
O cenário ficou evidente em um curto intervalo de tempo. Há menos de duas semanas, Walter publicou em suas redes sociais uma reunião em Brasília com o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, ao lado do deputado estadual Dr. Bernardo Amorim. Na ocasião, Bernardo foi anunciado como nome certo na nominata do partido.
A realidade, porém, mudou rapidamente. Dr. Bernardo refez os planos, encaminhou filiação ao Partido Verde e confirmou pré-candidatura a deputado federal. Também anunciou a manutenção de sua aliança com a governadora Fátima Bezerra, afastando-se do projeto em construção no MDB.
Outros movimentos seguiram o mesmo caminho. O deputado estadual Ubaldo Fernandes, que havia anunciado oficialmente filiação ao MDB, recuou da decisão. Ivanilson Maia, outro nome que sinalizava ingresso no partido, também passou a rever seus cálculos políticos.
Mesmo com a atuação do deputado Ezequiel Ferreira, apontado nos bastidores como um dos principais articuladores de nominatas no Estado, o anúncio de que Walter poderia não assumir o Governo do RN teve efeito imediato sobre os aliados. A perda da expectativa de poder funcionou como um fator de desmobilização e esfriou acordos que estavam previamente encaminhados.
O MDB chegou a projetar, a partir de avaliações feitas pelo próprio Walter Alves, a eleição da maior bancada da Assembleia Legislativa, a possibilidade de comandar a presidência da Casa e ainda eleger dois deputados federais. Hoje, essa projeção é vista internamente como distante da realidade.
A crise também alcançou a nominata federal. O grupo que estava sendo montado praticamente se desfez. Kelps Lima e Rafael Motta estão próximos de anunciar filiação ao PP. Carlos Eduardo, que chegou a cogitar o MDB, passou a estudar alternativas consideradas mais viáveis para uma candidatura a deputado federal.
Diante desse cenário, a possibilidade de apoio do PP e do União Brasil para a formação da nominata do MDB à Assembleia Legislativa surge como sinal claro de que o projeto original perdeu força. A necessidade de socorro externo expõe a mudança de realidade enfrentada pelo partido no Rio Grande do Norte.




