Vários fatos novos movimentaram o cenário político nos últimos dias, mas o que mais me chamou a atenção foi a declaração do senador Styvenson Valentim: se Rogério Marinho desistir de disputar o Governo, ele estaria disposto a repensar sua candidatura ao Senado e mudar os planos para concorrer ao Executivo.
Alguns analistas consideraram a fala de Styvenson um arroubo, avaliando que o senador não trocaria uma reeleição praticamente garantida pelo risco de disputar o Governo em uma eleição onde já existe um nome favorito. Para esses analistas, Styvenson estaria apenas jogando populismo ao vento.
Eu penso diferente. Acredito que Styvenson esteja falando sério. Vou explicar minhas razões.
Primeiro, Styvenson é, de fato, imprevisível. Em 2018, recusou o fundo eleitoral, abriu mão do tempo de TV e enfrentou a eleição com um estilo fora do padrão. No Senado, conduziu seu mandato com idas e vindas, brigas e reconciliações, coerências e incoerências. Sua trajetória mostra que ele não se guia pela linha reta: gosta de desafiar a lógica.
Segundo, Styvenson parece estar, de fato, ensoberbecido com suas realizações. As postagens em que divulga a aplicação de suas emendas o colocam em um universo onde só ele faz diferença com o dinheiro público. É plausível que esteja se agradando da ideia de comandar o orçamento do Estado, ter a caneta na mão e provar que seu modelo de gestão dos recursos públicos poderia gerar uma reviravolta administrativa no RN.
Terceiro, a justificativa que apresentou reforça esse raciocínio: segundo ele, tem responsabilidade com o Estado e não pretende assistir passivamente ao governo ser entregue a pessoas “sem capacidade”. Ou seja, sua condição já está estabelecida. Se Rogério não for candidato — o único que considera preparado —, ele se colocaria como alternativa, abrindo mão de uma eleição certa para assumir o risco em nome de um “sacrifício” pelo RN.
Há ainda outro fator: Styvenson não tolera Allyson Bezerra, e o desafio de derrotar o favorito certamente o atrai.
Por tudo isso, não devemos subestimar sua disposição. Longe de lhe faltar coragem, sobra-lhe ousadia. Rogério que se sustente: Styvenson demonstra tanta sede pela candidatura ao Governo que, se houver algum fato novo, pode muito bem decidir virar a mesa.
