O senador Styvenson Valentim parece ter dado uma sumida do mapa. Até as polêmicas nas redes sociais estão em banho-maria há algumas semanas. Nem mesmo para assumir o comando do PSDB — partido que lhe foi entregue aqui no estado — ele se movimentou. Até agora, não se deu ao trabalho de tomar as rédeas.
Não sei se o leitor do blog percebeu, mas durante toda a passagem do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Rio Grande do Norte — que resultou inclusive em sua internação hospitalar — Styvenson não apareceu. Ele esteve ausente de toda a agenda de Bolsonaro no estado.
Acredito que, justamente por a PL da Anistia ser o tema político mais quente do momento, Styvenson optou por um mergulho estratégico. É uma situação delicada para ele: dar opinião sobre o episódio do golpe de 8 de janeiro causa desconforto junto a Rogério Marinho, seu principal aliado, e ainda gera material que pode ser explorado na propaganda eleitoral.
Para refrescar a memória do leitor, republico abaixo trechos de uma entrevista concedida por Styvenson a um jornal natalense, em dezembro do ano passado, quando ele comentou os atos de 8 de janeiro de 2023. Vejamos:
“Eu não tenho nada a ver com bolsonarismo, eu não tenho nada a ver com essas ideias aí de ficar tramando contra a democracia, contra o povo. Que conversa é essa de tomar o poder assim? Não!”
“É de uma repugnância você ler, ouvir, abrir um jornal e ver general — gente que teve uma formação, que passou pelas frentes militares para defender o nosso país, o nosso povo — fazendo uma palhaçada dessas, não acreditando na democracia. A democracia é só quando se ganha? Quando perde não é mais democracia? Aí é golpe?”
“Até agora ninguém negou os fatos, ninguém negou o que aconteceu, ninguém negou as mensagens, ninguém negou que planejaram, ninguém disse que é mentira. Porque a quantidade de provas obtidas é tão robusta que eles já estão discutindo outra estratégia: a de dizer que foi só um pensamento. Que tipo de pensamento é esse, obcecado, essa obsessão de todos os dias pensar em destituir um governo, matar pessoas?”
“Eu acho que não há como defender algo que está tão explícito. Ainda bem que não houve (o golpe), porque senão eu não estaria conversando com você. Não estaríamos falando desse assunto. Estaríamos todos na masmorra. E eu, por não ser bolsonarista, também poderia estar lá. Não seria só a esquerda. Qualquer um que fosse contra qualquer ideia deles.”
“A interpretação que se dá é o problema. Todo mundo quer atenuar. Pensar não é crime? Estamos falando de militares. Eu não sei se nem a máfia italiana tramava desse jeito para acabar com autoridades, com juízes, com pessoas com quem tinham desafetos. Olha o nível. Isso é coisa de máfia.”
Diante disso, fica claro por que Styvenson está tão calado. Como principal aliado de Rogério Marinho no projeto político de 2026, o senador terá enormes dificuldades caso precise ficar explicando esse assunto — um tema espinhoso demais para ele.
No momento, o melhor foi mesmo dar uma mergulhada.