O que acontece se Fátima renunciar? conheça os cenários e armadilhas políticas que foram armadas

Uma das perguntas mais recorrentes nessa polêmica entre PT e MDB diz respeito à decisão da governadora Fátima Bezerra: renunciar ou permanecer no cargo.

Hoje, a discussão já não se resume apenas à hipótese de Walter Alves decidir não assumir o Governo. Dentro do PT, há verbalizações claras de quebra de confiança e, mesmo que Walter venha a assumir em abril, o partido já não sabe se poderá contar com ele no projeto eleitoral de 2026.

Mas, para efeito de análise dos cenários possíveis, consideremos a hipótese de renúncia de Fátima, levando em conta que as prioridades do PT são a reeleição de Lula e a formação de uma bancada competitiva no Senado.

Consideremos, portanto, a renúncia e a possibilidade de Walter não assumir — cenário que hoje lidera as bolsas de apostas políticas.

Antes de tudo, é preciso esclarecer a questão jurídica, já que há muita gente falando bobagem sem conhecer o que diz a lei. Pela legislação anterior, ocorrendo dupla vacância (titular e vice), o governo seria entregue ao presidente da Assembleia Legislativa e, em caso de renúncia deste, ao presidente do TJRN, ambos podendo concluir o mandato.

Ocorre que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que, havendo dupla vacância, deve ser realizada uma eleição indireta na Assembleia Legislativa. Com isso, a legislação anterior perdeu validade, cabendo agora à Assembleia aprovar uma nova regra definindo o rito a ser seguido. Em hipótese alguma, o presidente da AL ou o presidente do TJRN poderão assumir o mandato até o fim.

Confirmada a dupla vacância, é certo que haveria eleição indireta na Assembleia. Quem detém maioria hoje é Ezequiel Ferreira. É ele quem comanda o processo. Nesse cenário, segundo a tese defendida por Fernando Mineiro, o PT apresentaria o nome de Cadu Xavier para um mandato-tampão, como forma de demonstrar que não existe nenhuma bomba nas finanças do Estado.

Nesse ponto, a aposta é alta. Se Cadu fosse eleito, duas situações se apresentariam: se o Estado chegasse à campanha capenga, definhando, ficaria comprovado que Walter tinha razão; se, por outro lado, o Estado seguisse pagando salários em dia, realizando entregas e mantendo a normalidade administrativa, a tal bomba não passaria de discurso de um vice-governador receoso.

Porém, há ainda um outro caminho. Caso a maioria da Assembleia, articulada por Ezequiel, entregue o governo a alguém da oposição, a responsabilidade política também recairia sobre esse grupo. Afinal, se o MDB não quis assumir o governo, por que o entregaria a terceiros?

Como se vê, nada é simples. Todos os caminhos levam a incertezas e a muitas, muitas estratégias. No fim das contas, vence quem conseguir contar a melhor história para o eleitor — o verdadeiro juiz do processo.

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