A política potiguar entrou na fase em que todo mundo é candidato, mas, de boca, todos dizem que ainda não são. É assim com o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, que afirma só discutir o assunto no final do ano. E é assim também com o senador Rogério Marinho, que diz não ser pré-candidato, mas que apresentará seu projeto ao Estado apenas no fim do ano.
Afinal, quem é candidato a quê? Se todos dizem que não são — embora todos saibam que todos são —, entramos num jogo de faz de conta e dissimulação. Estamos vivendo um enredo muito conhecido na política: o do político que é candidatíssimo, mas insiste, em toda entrevista, que ainda não decidiu nada.
Rogério, mesmo após Bolsonaro anunciá-lo nos quatro cantos do Estado como pré-candidato ao Governo do RN, desde ontem passou a adotar o discurso de que somente em dezembro decidirá sobre esse projeto.
Fica até difícil de entender. Rogério Marinho começou o ano dizendo que era. Depois, passou a dizer que talvez não fosse. Perdeu espaço, tentou novamente dizer que era, pediu o reforço de Bolsonaro para deixar claro que era — e, agora que todos acreditam que ele é, ele vem e diz que só no final do ano é que decidirá se será ou não será. Ufa.
No caso de Allyson Bezerra, até se compreende melhor. Por estar em plena gestão na Prefeitura de Mossoró, mesmo sendo pré-candidato, ele precisa dizer que ainda não sabe, para então preparar o momento certo de assumir que é.
Eu, cá das minhas bandas, tenho horror a esse “ser ou não ser”. Ora, se quer ser, diga que quer. Se não quer, diga que não quer. O pior de tudo é a dissimulação. Diz que não é, quando, na verdade, só pensa em ser. Seja verdadeiro. É o melhor caminho para alcançar o coração do eleitor.