Por que Lula está em baixa? A resposta vai além do INSS, IOF e das teorias da conspiração

Ouvi duas explicações principais para os números das pesquisas sobre a popularidade de Lula. Segundo a nova pesquisa Quaest, divulgada ontem, o presidente tem 57% de desaprovação e 40% de aprovação. Como sempre, não faltam teorias e especulações em torno desses números.

Alguns atribuem a queda à crise no INSS, outros ao aumento do IOF. Há também quem culpe a inflação dos alimentos ou, de forma mais ampla, a sensação ruim em relação à economia.

Na verdade, é um pouco de tudo — e, ao mesmo tempo, talvez não seja exatamente nenhum desses fatores isoladamente.

A avaliação de um governo, seja de Lula, Bolsonaro ou qualquer outro, não é simples. É preciso entender a motivação de quem responde às pesquisas. Pode ser que o preço dos alimentos esteja alto e, com o salário comprometido, a percepção negativa cresce. Pode ser a rua esburacada no bairro ou o escândalo nacional do INSS.

Sobre as explicações que ouvi envolvendo o INSS ou o IOF, não acredito que sejam motivos suficientes para uma aprovação ou reprovação em massa.

Sinto que, no geral, a percepção é de que o governo continua sendo um mau intermediador entre os problemas e suas soluções. Por esse raciocínio, explica-se por que Bolsonaro passou quase todo seu governo mal avaliado e, mesmo assim, aparece hoje à frente de Lula nas intenções de voto para 2026.

As pessoas não reprovam apenas o nome de quem governa, mas sim o que o governo representa em termos de ineficiência, má gestão e incapacidade de oferecer soluções reais.

Penso também que a avaliação de gestão não representa, por si só, uma sentença eleitoral. Bolsonaro chegou a ter cerca de 20% de aprovação durante a campanha de 2022, e mesmo assim perdeu para Lula por uma margem mínima.

Em resumo, a desaprovação atual ao governo reflete a percepção generalizada de que ele continua sendo ineficaz — desorganizado e gastador. Essa percepção vai além do INSS e do IOF. Tudo contribui: inflação, declarações infelizes, escândalos, fake news, e por aí vai.

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