O senador Styvenson Valentim errou feio neste novo método que encontrou para prestar contas do seu mandato. Como se sabe, o parlamentar destina recursos federais, por meio de emendas, para a realização de cirurgias eletivas no sistema SUS. De posse das listas com os nomes dos pacientes, Styvenson tem feito ligações para essas pessoas, questionando se as cirurgias foram realizadas — tudo, é claro, transmitido em suas redes sociais.
À primeira vista, alguém pode achar que o senador está certo em querer conferir, um a um, se os procedimentos pagos foram de fato realizados. E estaria, se fizesse isso com ética, sem expor publicamente os pacientes.
Vejamos as simulações das conversas:
– “Alô, é a senhora Fulana de Tal? A senhora fez mesmo, no dia tal, uma cirurgia para retirada do útero?”
– “Alô, aqui é o senador Styvenson Valentim. O senhor Fulano de Tal realizou no dia tal uma raspagem de próstata?”
Essas checagens poderiam ser feitas de diversas outras formas, de modo ético e respeitoso, preservando a intimidade de pessoas simples, que já sofreram muito antes de conseguir realizar suas cirurgias.
Mas lá está Styvenson, expondo-as em público.
Todos sabemos que o senador não faz isso apenas para prestar contas do uso de suas emendas. Ele o faz para aparecer, para faturar politicamente com o gesto. O objetivo é conquistar votos — e, para isso, não há o menor pudor em expor pessoas humildes.
Duvido que Styvenson fizesse o mesmo com um empresário, um político, um famoso. Essas pessoas não precisam do SUS e se precisassem, o senador pensaria duas vezes antes de fazer essa exposição humilhante.
Quando Jesus ensinou a orar, no Pai-Nosso, a primeira coisa que disse foi: “Não sejam como os hipócritas, que oram em pé nas praças para serem vistos pelos homens.”
É exatamente o que Styvenson faz: aproveita-se da fragilidade alheia e das necessidades do povo. Tem outro nome.
É pura hipocrisia.