Zenaide Maia está criando uma dependência política exagerada e perigosa

Quando o deputado federal João Maia (PP) justificou a decisão da senadora Zenaide Maia (PSD) de se aliar a Allyson Bezerra, perguntando qual político em sã consciência rejeitaria o apoio do favorito ao governo, havia ali uma lógica eleitoral razoável. Mas o que pretendo analisar neste texto é a forma como Zenaide se “entregou” a Allyson.

A impressão que tenho hoje é que Zenaide está se desconfigurando. Até mesmo seu marketing político passou a ser conduzido pela equipe de Allyson, numa tentativa de criar uma nova identidade para a senadora. O slogan “a mãe está on” é o exemplo mais evidente: linguagem, ideias e estilo, tudo remete a uma cópia do prefeito de Mossoró.

Vejo Zenaide em uma espécie de limbo, tentando encontrar um caminho. O problema não está exatamente na aliança, mas na maneira como ela se conduz. O que deveria ser parceria acabou se transformando em dependência. Sua agenda é a de Allyson, sua visibilidade é a de Allyson, suas entregas são as de Allyson. Politicamente, Zenaide parece estar respirando pelo pulmão de Allyson.

Cheguei a indagar quem precisava mais de quem. Allyson, sem Zenaide, corria o risco de formar um bloco isolado no União Brasil. Já Zenaide, ao contrário, tinha opções. No entanto, conseguiu se anular sozinha e hoje se tornou um apêndice do prefeito.

Imagino o desconforto que será para ela o palanque do União Brasil. Nele, encontrará aliados que não a apoiam e terá de ouvir, em silêncio, críticas ao governo que ajudou a construir — seu marido, Jaime, foi secretário de Fátima Bezerra no primeiro mandato, e ela própria esteve ao lado da governadora durante todo o governo. Some-se a isso o cenário nacional: Zenaide é vice-líder do governo no Senado e terá de dividir palanque com adversários de Lula.

Não afirmo que a escolha de se aliar a Allyson foi um erro. O erro, ao meu ver, está na forma como ela se entregou. Allyson é o nome do momento, o favorito, a grande aposta. Mas alianças são diferentes de dependência — e, quando há dependência, o presságio quase sempre é negativo.

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