Com o fracasso da articulação em torno da aprovação de uma nova Lei da Anistia – que livraria Jair Bolsonaro de uma eventual condenação judicial pela tentativa de golpe de Estado – aliados próximos ao ex-presidente já articulam um novo plano para evitar que ele cumpra pena em regime fechado.
Os mentores da nova estratégia são lideranças políticas próximas a Bolsonaro que buscam uma solução que o mantenha no Brasil e longe da prisão comum. Eles partem da premissa de que a condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é inevitável. Por isso, descartam a possibilidade de fuga e concentram esforços para garantir que, caso condenado, Bolsonaro cumpra pena em prisão domiciliar.
A base do plano é utilizar como precedente o caso do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que cumpre em casa sua pena de 10 anos de prisão. Os aliados de Bolsonaro argumentam que, considerando o estado de saúde do ex-presidente – de conhecimento público –, seria viável obter atestados médicos que justifiquem o regime domiciliar.
Essa seria apenas a primeira etapa da estratégia.
A segunda parte envolve um movimento político de longo prazo: a obtenção de um perdão presidencial concedido pelo próximo chefe do Executivo. A ideia é que Bolsonaro cumpra a pena domiciliar ao longo de 2026, e que, com a posse do novo presidente em janeiro de 2027, receba o indulto, restabelecendo seus direitos políticos.
Para que isso se concretize, o grupo defende que Bolsonaro desista desde já de se apresentar como pré-candidato à Presidência em 2026. Em vez disso, ele deveria apoiar um nome competitivo dentro do arco de alianças do Partido Liberal (PL), formando um pacto que incluiria a promessa do perdão, caso esse nome vença a eleição.
O nome mais cotado entre os aliados é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Avaliações internas do bolsonarismo apontam Tarcísio como o candidato mais forte para enfrentar Lula, cuja reeleição ainda é considerada provável, apesar da crescente desaprovação de seu governo. A ala pragmática do grupo entende que Bolsonaro não teria margem para insistir em sua própria candidatura ou apoiar um nome sem viabilidade eleitoral, sob o risco de comprometer toda a articulação.
O maior desafio do plano, admitem os próprios aliados, está justamente na vitória eleitoral. Eles reconhecem que, mesmo com desgaste, Lula permanece um adversário difícil de ser derrotado. Por isso, consideram fundamental a união de toda a centro-direita em torno de um nome único – e viável.