A forma recorrente com que o senador Styvenson Valentim vem fazendo duras críticas aos representantes políticos do Rio Grande do Norte está cavando um fosso entre ele e os demais. Já há relatos de deputados que estão indignados com suas declarações. Um deles é o deputado estadual Doutor Bernardo, que utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa para rebater o senador.
Styvenson questionou publicamente a utilidade de um deputado estadual, ironizando que no RN eles servem apenas para aprovar o “dia do grude” e o “dia do crepúsculo” — uma tentativa de expor a suposta irrelevância da Casa Legislativa.
O senador tem feito aparições frequentes nas redes sociais, nas quais afirma não gostar de políticos, critica a classe como um todo e associa os agentes públicos a uma série de adjetivos pejorativos. Suas críticas, contudo, não parecem ser apenas desabafos ou exageros retóricos. Elas seguem uma estratégia: Styvenson busca se reconectar com um eleitorado que despreza a política tradicional.
Foi com esse mesmo discurso de antipolítica que Styvenson se elegeu senador em 2018, apresentando-se como alguém “fora da política” e “diferente”. Na época, muitos acreditavam que esse discurso estava esgotado — mas ele voltou a usá-lo, e novamente tem surtido efeito.
Durante seu pronunciamento, Doutor Bernardo acusou Styvenson de desrespeitar não apenas os atuais deputados, mas todos que já fizeram parte da história política do Estado. Disse que, ao contrário do senador — que “vive nas redes sociais fazendo macarronada ou brincando com o cachorro” — o deputado estadual trabalha de domingo a domingo. Citou-se como exemplo, afirmando que seu celular não para de tocar com demandas da população.
A aposta de Styvenson é clara: quanto mais for criticado pela classe política, mais se fortalece junto ao eleitor que se sente descrente e cansado do sistema. A insatisfação que ele provoca é parte do plano.