Transição silenciosa: PT e MDB devem abrir planejamento sobre o pós-Fátima

Com os ponteiros devidamente acertados entre a governadora Fátima Bezerra e o vice-governador Walter Alves, a respeito da sugestão feita pelo deputado estadual Bernardo Amorim sobre a antecipação da renúncia da governadora para o fim do ano, uma questão relevante acabou ficando nas sombras após o episódio.

Está definido que Fátima Bezerra renunciará ao cargo em 31 de março de 2026, conforme ela mesma já estabeleceu e comunicou ao vice-governador. Também ficou esclarecido que a fala do deputado Bernardo foi uma opinião pessoal, sem que estivesse cumprindo orientação de qualquer liderança.

A questão que segue em aberto é o tamanho do MDB no atual governo. O episódio envolvendo Dr. Bernardo gerou, dentro do núcleo do Executivo, o entendimento de que é necessário iniciar um planejamento detalhado para a transição. Há o reconhecimento, dentro da Governadoria, de que é possível antecipar algumas mudanças, sem que Walter Alves ainda esteja no cargo de governador.

Nesse processo, as duas partes avaliam um possível acordo prévio sobre trocas em secretarias e reorganizações administrativas que poderiam ocorrer já nos meses que antecedem a saída de Fátima. Existe a concordância de que o MDB pode passar a ocupar espaços mais relevantes no governo.

Para evitar ruídos de comunicação, a proposta é construir um cronograma conjunto, com datas definidas. Algumas secretarias estratégicas poderiam passar por mudanças já na virada do ano, enquanto outras ficariam para um segundo momento.

Essa negociação também envolveria uma revisão do espaço do PT no futuro governo de Walter Alves. Quantas secretarias o MDB ocupa hoje? Quantas o PT ocuparia após a renúncia? Haveria uma inversão de ocupação das pastas na mesma proporção

O MDB quer começar a ocupar os espaços desde já, e o PT quer preservar os seus no período pós-renúncia.

São pontos delicados que exigem um planejamento criterioso para que essa transição não transpareça como disputa interna. O objetivo das duas partes é manter a aliança estratégica entre MDB e PT sem desgastes públicos ou institucionais.

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