Vi e ouvi dezenas de comentários e análises sobre a ação da polícia do Rio de Janeiro que terminou com cerca de 120 mortos nos Complexos da Penha e do Alemão na última terça-feira.
Há dois lados da moeda: a operação pode ter sido necessária, mas 120 mortes não são brincadeira.
A ação enfrentou, de fato, integrantes do Comando Vermelho, bem armados, camuflados e que reagiram à investida policial.
Até o momento, não li nenhuma notícia sobre vítimas inocentes que não tivessem relação com o crime. Ouvi muitos familiares lamentando as perdas, mas reconhecendo que os parentes faziam parte do Comando Vermelho.
O fato de tantos criminosos terem sido abatidos na ação não pode servir de salvo-conduto para operações planejadas com o objetivo de matar.
Defendo que essas operações tenham como alvo prioritário a prisão dos envolvidos. É certo que haverá confrontos; a polícia precisa se defender e se impor, e é natural que algumas mortes ocorram nesses embates.
Meu temor é que esse tipo de operação, inspirada no que ocorreu no Rio de Janeiro, estimule outras ações com objetivo indiscriminado de matar. Corre-se o risco de que qualquer cidadão — preferencialmente preto e pobre — que esteja no meio da rua se torne alvo.





