A semana que prometia rompimentos, anúncios e virada de mesa acabou marcada por intensos movimentos de bastidores: muitas trocas de mensagens, balões de ensaio e cartas colocadas sobre a mesa. Walter Alves começou os dias disposto a romper com a governadora Fátima Bezerra e anunciar uma mudança no jogo político. Foi a Brasília com essa intenção, mas voltou aconselhado a ter paciência, ampliar o diálogo e empurrar qualquer decisão definitiva para o ano que vem.
Vou tentar sintetizar os acontecimentos de bastidores da semana para que o leitor compreenda, passo a passo, o que ocorreu, o que ainda pode acontecer e o que já está praticamente decidido. Para fins didáticos, organizo os fatos em uma ordem cronológica.
EVENTO 1 – Após muito refletir, o vice-governador Walter Alves tomou a decisão de não assumir o Governo do Estado e disputar uma vaga na Assembleia Legislativa. A escolha foi motivada pela grave situação financeira do RN e pelo objetivo de se eleger deputado estadual, construindo uma estratégia que lhe permita chegar à presidência da Assembleia.
EVENTO 2 – Depois de comunicar essa decisão a aliados mais próximos e diante da pressão do PT local para que se posicionasse rapidamente, Waltinho decidiu ir a Brasília para comunicar pessoalmente sua decisão à direção nacional do PT, evitando o embate direto com o PT potiguar, que queria “passar a decisão a limpo”.
EVENTO 3 – Antes da conversa com o presidente nacional do PT, Edinho Silva, Walter Alves procurou aliados na capital federal, com quem compartilhou sua decisão, a situação do Estado e seus dilemas políticos. De forma unânime, ouviu conselhos para não se precipitar: ainda era cedo para decidir, seria prudente ouvir as bases do MDB no RN — pré-candidatos, prefeitos e vereadores — e deixar a decisão final para mais adiante.
EVENTO 4 – Munido desses conselhos, o vice-governador relatou a Edinho Silva suas dificuldades com o PT do Rio Grande do Norte e detalhou os problemas enfrentados, sobretudo na área financeira. Não decretou rompimento. Preferiu informar que se reuniria com as bases do MDB antes de qualquer decisão e deixou claro que, enquanto essas conversas estivessem em curso, não aceitaria pressões.
EVENTO 5 – De volta ao RN, Waltinho passou a declarar publicamente que iria dialogar com as bases do partido, que precisava ouvir todos e que ainda havia tempo antes de uma decisão definitiva.
EVENTO 6 – Ao recuar da decisão previamente tomada de não assumir o Governo, Walter Alves também deu dois passos atrás em relação às alianças políticas que ele próprio já havia confirmado. Disse que, por ora, estava assegurado apenas o apoio ao presidente Lula e retirou o apoio às candidaturas de Fátima Bezerra ao Senado e de Cadu Xavier ao Governo do Estado.
EVENTO 7 – A semana terminou com Walter Alves cumprindo uma agenda de visitas a lideranças do MDB em várias regiões do Estado, num roteiro típico de quem dialoga, consulta as bases e ganha tempo antes de anunciar, em definitivo, sua decisão.
Esses foram os fatos. Nas próximas postagens do blog, vamos tratar do que mudou de última hora e do que ainda está em jogo. Há muita coisa acontecendo nos bastidores.
