Para se viabilizar na disputa para o Senado, Fátima precisa de uma mudança profunda na sua postura e na condução do governo

De acordo com as pesquisas divulgadas, a governadora Fátima Bezerra enfrenta uma reprovação entre 60 a 70% daqueles que avaliam sua gestão. Com base nesses números, muitos analistas consideram que uma eventual candidatura da governadora ao Senado seria um projeto fadado ao fracasso.

É verdade que, em 2022, algumas pesquisas também apontavam uma alta rejeição a Fátima, com reprovação de sua gestão acima de 50% e. No entanto, ela foi reeleita no primeiro turno com 58,2% dos votos válidos. Isso reforça a diferença entre reprovação da gestão e rejeição eleitoral.

Não podemos esquecer que, naquele ano, Fátima teve Lula como principal cabo eleitoral e se beneficiou do forte movimento contra Bolsonaro. Além disso enfrentou adversários que não representavam uma grande ameaça.

O cenário atual, porém, é diferente. A reprovação do seu governo continua em alta e Fátima não tem conseguido estancar essa sangria. Uma eventual reversão desse quadro, se acontecer, será lenta e gradual. Além disso, há um risco ainda mais grave: que a rejeição tenha se aprofundado, indo além do campo administrativo e alçando a esfera pessoal. Se isso for verdade, será ainda mais difícil de ser revertida.

A impressão que tenho é que a Governadora nem sequer se esforça para mudar esse cenário. Vou citar dois exemplos para justificar essa percepção.

O primeiro é o das obras de recuperação das estradas. O Governo realizou um trabalho significativo na recuperação das rodovias, mas a comunicação sobre isso foi extremamente falha. A divulgação se limitou a uma cerimônia sem brilho em Natal, distante da população e sem engajamento. Além disso, algumas entregas tiveram uma abordagem completamente errada, como no caso da RN 117, em que a governadora fez uma postagem irônica contra aqueles que duvidaram da obra. Uma postura desnecessária.

O segundo exemplo é a ampliação do abastecimento de água em Mossoró. A cidade receberá uma nova adutora que trará água da Barragem de Santa Cruz, além da captação de mais 7 poços profundos já perfurados na região de Apodi. Um reservatório com capacidade para quatro milhões de litros está quase concluído. Esse investimento ampliará em Mossoró a oferta de água em 30%, um feito importante.

No entanto, 99 % da população mossoroense sequer tem conhecimento dessa obra, pois o Governo praticamente não a divulga.

Não atribuo essa falha à equipe de comunicação. Acredito que há esforço e compreensão sobre o que precisa ser feito. O problema parece estar na própria governadora. Fátima parece ter perdido o entusiasmo de governar. Não dá entrevistas, não percorre o Estado, não se aproxima da população. Diante desse cenário, como avaliar a viabilidade de uma candidatura de Fátima Bezerra ao Senado? Não estou decretando sua derrota antecipadamente, mas é difícil acreditar que ela terá êxito eleitoral sem uma mudança drástica na sua postura e na condução do governo. Mudança profunda e urgente.

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